Amplamente utilizada na Medicina Tradicional Chinesa, o Astragalus é uma erva da família Fabaceae, nativa do norte da China e da região da Mongólia com mais de 2000 espécies catalogadas e cerca de 5000 anos de história. Um dos espécimes mais conhecidos é o Astragalus membranaceus, nomeado pelos chineses como Huang-qi, que significa “líder amarelo”, por ser uma das 50 ervas consideradas fundamentais na cura por “deficiência do chi”. Existem diversas lendas que envolvem a importância do Astragalus para os povos antigos da Ásia, onde é conhecido como o Elixir da Longevidade por revigorar a energia vital. Uma dessas histórias conta que há muito tempo, apenas o Imperador e sua família podiam consumir a erva e quem desobedecesse a essa ordem poderia ser condenado à pena de morte.
A planta é caracterizada como um arbusto perene que chega a atingir de 40 a 80 cm de altura. Apresenta pequenas estruturas semelhantes a pêlos tanto no caule, quanto nas folhas, essas costumam se desenvolver em pares de 12 a 18 unidades por galho. Crescem de forma satisfatória em regiões com incidência solar direta, solos drenados e arenosos.
A principal característica medicinal da planta está relacionada ao seu potencial Adaptogênico, termo muito utilizado na fitoterapia, designado a substâncias que aumentam a resistência do organismo frente ao estresse oxidativo ou reduzem a sensibilidade celular a esse processo. Rica em cálcio, cromo, cobalto, ferro, magnésio e potássio, os demais componentes químicos responsáveis pelos benefícios do Astragalus no organismo são em maior parte betaína, glicosídeos, beta-sitosterol, polissacarídeos, astragalósidos I a VII, colina, rumatakenina, saponinas e vitamina A, encontrados principalmente nas raízes da planta.
Seus efeitos antioxidantes atuam na redução dos radicais livres, na prevenção de diversos tipos de câncer através do controle da proliferação celular e na redução do envelhecimento precoce, demonstrando aumento da hidratação e elasticidade da pele, além de maior resistência nos cabelos e unhas.
Com propriedades anti-inflamatórias e antissépticas, o Astragalus pode ser aplicado sobre feridas através de emplastros ou extrato, acelerando nesses casos a cicatrização através do aumento de fluxo sanguíneo e evitando a contaminação da área. Em doenças inflamatórias crônicas como fibromialgia e artrite, o consumo recorrente da substância pode auxiliar na redução das crises e na intensidade das dores.
No sistema imunológico, a planta atua como um estimulante, aumentando o número de células de defesa responsáveis pelo processo de fagocitose como macrófagos e imunoglobulinas, reduzindo a incidência de infecções virais como gripes, por exemplo.
Metabolicamente, o Astragalus atua na regulação da disponibilidade e absorção dos níveis de glicose e insulina, atuando como coadjuvante no tratamento da Diabetes. Por meio da inibição de produtos de glicação avançada, a introdução do Astragalus em pacientes diabéticos reduz as chances de desenvolver Neuropatia Diabética, um dano nervoso extremamente comum nesses casos, que gera dormência e dor principalmente nos membros inferiores.
No fígado, os princípios ativos colaboram na desintoxicação, na melhora do funcionamento e no controle das dislipidemias. Em tratamentos que utilizem medicamentos metabolizados no fígado como a quimioterapia, a introdução do Astragalus pode reduzir a toxicidade, protegendo do dano hepático. A planta pode atuar também nos sintomas da fibrose no órgão, desenvolvidas por lesões, que tendem a causar disfunção parcial.
Como tônico, o Astragalus age como revigorante, reduzindo a fadiga e melhorando a disposição. O consumo é benéfico também em pacientes que apresentam deficiências cardíacas relacionadas à arritmia ou isquemia por se tratar de um cardioprotetor natural.
É comumente encontrado em forma de extrato seco em pó ou em cápsulas de 250 mg a 500 mg. A ingestão mínima diária deve atingir de 500 mg até 2 gramas para que seus efeitos sejam notáveis, entretanto seu consumo só deve ultrapassar 7 dias consecutivos mediante recomendação médica.
Apesar de haver poucos relatos de efeitos colaterais na ingestão do Astragalus, por possuir propriedades imunoestimulantes a maior parte dos profissionais não recomenda o tratamento com essa erva para pacientes que tenham realizado transplante de órgãos, pessoas com doenças autoimunes ou que realizem terapias de imunossupressão. Gestantes e lactantes não devem fazer uso da planta pela escassez de estudos relacionados a essa população.
Assim como diversas plantas medicinais, o Astragalus é um poderoso aliado na qualidade de vida e na manutenção da saúde, com princípios ativos totalmente naturais. Entretanto, é importante considerar que pode haver interações medicamentosas importantes, além de casos específicos em que seu uso não é recomendado, portanto, é fundamental que haja orientação médica para que seus benefícios sejam obtidos da melhor forma possível.