A Chicória é uma hortaliça que pertence à família Asteraceae, com algumas espécies distintas que se diferenciam em cor, tamanho e aspecto, dentre elas, as mais conhecidas são a Cichorium endivia e a Cichorium intybus. Endívia, Escarola e Chicória são algumas designações populares para esse vegetal, que apesar de nutritivo ainda é pouco explorado no dia a dia dos brasileiros.
Comumente a Chicória é caracterizada de acordo com a forma de suas folhas. A chicória crespa, do tipo Cichorium endivia var. Crispa possui folhas ásperas, divididas e retorcidas, com bordas serrilhadas, enquanto a Chicória lisa, Cichorium endivia var. Latifolia, apresenta folhas lisas e amplas.
O cultivo da Chicória é originário da Índia e desde a antiguidade já era utilizada como alimento pelos povos do Egito, Roma e Grécia. Na Europa, o vegetal passou por diversos processos de seleção, até que agricultores italianos alcançaram a sua forma de repolho entre os séculos XVI e XVII. Suas raízes já foram inclusive utilizadas como substitutas do café na França, sendo torradas para o preparo de uma bebida.
Embora seja um alimento de baixa caloria, apresentando apenas 28 kcal em um cerca de 100 gramas, a Chicória é um vegetal extremamente rico. Em suas folhas encontramos Vitamina A, Complexo B, Vitamina C, ferro, cálcio, fósforo e uma grande quantidade de fibras solúveis. Quando consumida crua, possui sabor amargo característico que é atenuado quando exposta ao calor, devido à desnaturação dos compostos fenólicos que conferem o amargor, sem que suas propriedades nutricionais sejam perdidas.
Devido à presença de micronutrientes importantes e diversos compostos bioativos antioxidantes como flavonóides e betacarotenos, a Chicória é capaz de combater os radicais livres atenuando os processos oxidativos do organismo, fortalecendo o sistema imunológico e protegendo as células.
A Chicória é também uma das principais fontes alimentares de Inulina, uma fibra solúvel do tipo frutooligossacarídeo (FOS). A concentração dessa substância é tão alta na hortaliça que os suplementos industrializados são extraídos de suas raízes. Apesar da Inulina não ser absorvida pelo nosso organismo, como acontece com todos os tipos de fibra, ela tem função prebiótica, ou seja, serve como alimento para bactérias benéficas no intestino como lactobacilos e bifidobactérias. Além de contribuir diretamente na saúde intestinal, melhorando sintomas de constipação ou diarreia, a Inulina também aperfeiçoa a digestão e a absorção de nutrientes, melhorando a resposta imunológica, que sofre influência direta do intestino. Dessa forma, é possível observar redução dos quadros inflamatórios e controle dos níveis de colesterol, melhorando o perfil lipídico. Em dislipidemias e doenças cardiovasculares associadas como aterosclerose, por exemplo, a Chicória pode ser uma grande aliada. A Inulina é ainda capaz de reduzir a produção de Grelina, hormônio responsável pela sensação de fome e aumentar a saciedade. Por esses motivos, a Chicória é excelente para quem realiza dietas com restrição de calorias.
As equilibradas concentrações de nutrientes presentes na Chicória desempenham ação anti-inflamatória considerável, auxiliando no tratamento de doenças como artrite, artrose, inflamações musculares e articulares. Embora o alimento não seja capaz de curar, age atenuando a dor e os incômodos atrelados a esses problemas.
A presença de betacaroteno juntamente a Vitamina C estimula a produção de colágeno e elastina na pele, substâncias responsáveis por proporcionar firmeza e elasticidade. Dessa forma, a Chicória é capaz de auxiliar no combate ao envelhecimento precoce e nas marcas de expressão.
É notável que haja estímulo da diurese ao incorporar a Chicória frequentemente na alimentação. Isso ocorre porque o alimento pode ajudar os órgãos excretores a eliminarem toxinas, prevenindo a formação de cálculos e protegendo os rins, fígado e vesícula biliar.
As vitaminas do Complexo B tem grande influência no funcionamento do sistema nervoso. Alguns estudos que consideravam a ação desses nutrientes observaram melhora nos quadros de ansiedade, estresse e depressão associados ao consumo de Chicória. Acredita-se que vitaminas como B6 e B9, presentes na hortaliça, estejam diretamente relacionadas à produção de serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de bem estar.
O consumo é bastante versátil. Pode ser picada, temperada e servida como salada ou ainda refogada com azeite e sal. Enriquece sopas, tortas, quiches e omeletes, e pode ainda ser adicionada a massas caseiras como panquecas e nhoque. Uma pequena quantidade batida em sucos, principalmente de folhas jovens que não possuem o amargo tão pronunciado, pode colaborar significativamente no aumento do vigor. Em aplicações medicinais, a Chicória pode ser utilizada no preparo de chás, xaropes ou extrações alcoólicas, como tônicos. Tem efeito expectorante, diurético, anticonstipante, analgésico e auxilia no controle da glicose.
Devido a todos os benefícios desse alimento, os nutricionistas recomendam que a Chicória esteja presente com frequência na alimentação das pessoas, principalmente porque as contra indicações são bastante limitadas. Pessoas que possuem úlceras estomacais ou que sofram com azia devem evitar o consumo pelo estímulo da produção de suco gástrico ocasionado pelo alimento. Gestantes e quem sofre com insônias deve evitar a Chicória pelas propriedades estimulantes, assim como pessoas que já tiveram crises alérgicas associadas à ingestão.
Crianças a partir dos três anos e pessoas mais sensíveis ao sabor amargo podem comumente recusar o alimento, por isso é recomendado que ele seja incorporado a preparos mais complexos como nos exemplos citados. Inserir a Chicória pelo menos três vezes na semana na alimentação pode ser uma interessante estratégia para contribuir de forma simples na manutenção da saúde de toda a família.