Só quem é fumante e já desenvolveu em seu íntimo o desejo de parar de fumar sabe o quanto esse processo pode ser difícil. Seja em busca de qualidade de vida, por problemas de saúde que possam se agravar ou pela influência de familiares e amigos, a decisão de parar de fumar é completamente individual. Os fatores que levam uma pessoa a fumar podem ser classificados em físicos, psicológicos e comportamentais. Devido à individualidade de motivos que leva ao tabagismo, é necessário que seja feita uma avaliação do que exatamente influencia nesse hábito. Estima-se que o cigarro possua mais de 4,7 mil substâncias nocivas à saúde, dentre elas a Nicotina, o elemento viciante responsável por causar dependência.
A Nicotina atua como um estimulante do Sistema Nervoso Central que aumenta a liberação de Dopamina, um neurotransmissor que propicia ao organismo sensações de conforto e bem estar. Ela é eliminada rapidamente da corrente sanguínea, sendo assim, o desejo de continuar tendo as sensações provocadas pela Dopamina dispara mecanismos de abstinência que fazem com que o indivíduo acenda um novo cigarro. Quanto maior for à exposição a essa droga, maiores serão as doses necessárias para surtir o mesmo efeito ao longo do tempo. A Síndrome de Abstinência para muitas pessoas é descrita como a maior dificuldade para eliminar o tabagismo. Nesses casos a simples administração de Nicotina pode aliviar os sintomas mais comuns como dores de cabeça, insônia, fadiga, alterações de humor, etc.
A indústria farmacêutica tem desenvolvido diversas técnicas de reposição de Nicotina, comumente receitadas em consultórios médicos. Gomas de mascar, pastilhas, adesivos, comprimidos e inaladores são alguns exemplos de métodos de reposição de Nicotina. Embora seja uma alternativa eficaz, a reposição pode não ser suficiente para vencer a vontade de fumar. Isso ocorre porque existem fatores comportamentais, como o ato de levar o cigarro a boca ou de tragar, por exemplo, que tornam o indivíduo suscetível a uma recaída.
Pensando nessa questão em específico foi desenvolvido o cigarro eletrônico. Diferente do cigarro tradicional, o cigarro eletrônico não possui as substâncias tóxicas resultantes da queima do tabaco, porém, pela presença de Nicotina também promove o vício. O intuito, a princípio é carregar o dispositivo com doses individualizadas de Nicotina através de cartuchos de concentrações variadas. As doses vão depender de quantos cigarros diariamente o indivíduo fumava.
O dispositivo funciona como um vaporizador, que através de um leve aquecimento, possibilita a suspensão da Nicotina e de outras substâncias como aromatizantes em vapor de água. Embora esse produto seja bastante usual em outros países, no Brasil, a comercialização do cigarro eletrônico foi negada pela ANVISA. O órgão alegou que não existem estudos suficientes que comprovem a segurança na utilização do produto.
Apesar da intenção inicial ter sido a redução do índice de fumantes através de métodos de reposição, a comercialização do cigarro eletrônico levantou preocupações pertinentes. O uso do dispositivo tornou-se popular entre os jovens. A agência americana de fiscalização e regulamentação de alimentos e medicamentos Food and Drug Administration, já enxerga o uso do cigarro eletrônico entre jovens como uma epidemia. Essa afirmação surgiu a partir de uma pesquisa realizada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças, que concluiu que 75% dos adolescentes do ensino médio já tinham feito uso de algum tipo de cigarro eletrônico. Para alunos do ensino fundamental, o número atingiu surpreendentes 50%.
As estratégias de marketing utilizadas pelas marcas deixa subentendido à preferência de público. Os sabores desenvolvidos vão desde frutas como manga, uva e morango, a guloseimas como chocolate, creme, algodão doce e donut. A expectativa em atingir justamente o público adolescente se evidencia também na rotulagem, que conta com interfaces cada vez mais modernas e descoladas. Embora a versão eletrônica do cigarro tenha tido uma introdução pontual e interessante no mercado devido a sua sensação inicial de segurança, as discussões mediante esse tema ainda serão longas.
E vocês, acham que o cigarro eletrônico é apenas uma nova embalagem de um velho vício? Ou acham que os novos fumantes estão protegidos dos tradicionais malefícios do fumo? Deixe sua opinião nos comentários abaixo.