Há muito tempo médicos defendem que “o nosso corpo é mais microbiano do que humano”, se referindo aos trilhões de microorganismos que compõem nossa flora intestinal. 

Mas o que seria essa flora intestinal, afinal? 

Também conhecida como microbiota intestinal, ela se refere à população de microorganismos que habitam de maneira natural a região do trato gastrointestinal – sejam eles vírus, bactérias ou fungos.

Embora os microorganismos geralmente tenham a fama de vilões, esses comensais acabam sendo vitais em nosso corpo, participando de uma infinidade de processos. 

Como suas principais funções, podemos citar:  produção de vitaminas, promoção de um sistema de defesa eficiente (do ponto de vista imunológico) e auxílio no processo digestório – principalmente de fibras ou componentes que apresentam maior nível de indigestão. 

A cada dia, a relação entre metabolismo e microbiota se torna mais clara, sendo evidenciada pelo seu papel em quebrar o alimento e disponibilizar energia para as células – interferindo tanto na regulação de energia quanto de nutrientes. 

A diversidade da microbiota intestinal

Cada ser humano possui sua combinação individual de microorganismos, fazendo com que a interação entre cerca de 160 espécies bacterianas acabem influenciando de maneira incrível tanto na qualidade de vida quanto no bem-estar. 

No início de nossas vidas, quando ainda somos bebês, a relação entre ambiente e fatores genéticos acaba determinando a diversidade de nossa  microbiota. Mas com o passar dos anos, os hábitos alimentares são os que exercem a verdadeira influência sobre a flora local.   

Nesse sentido, a alimentação irá atuar de maneira direta sobre a saúde e diversidade microbiana, sendo que dietas mais ricas em fibras tendem a impactar positivamente sobre a flora, enquanto que aquelas que abusam de processados e açúcares tendem a minimizar tal diversidade.

Estudos científicos têm mostrado que indivíduos obesos apresentam a microbiota menos diversificada  – refletindo em uma menor quantidade de microorganismos benéficos e atuando de maneira direta sobre defasagens metabólicas. 

Como a redução da diversidade microbiana em obesos pode chegar até 40%, deve-se considerar a suplementação com probióticos para corrigir os defeitos metabólicos.

A associação entre obesidade e diarreia frequente

Pesquisas afirmam que a obesidade também interfere em movimentos intestinais anômalos, que acabam levando à diarreia crônica. Assim, mais de 8,5% dos obesos acabam apresentando o vínculo entre evacuações (diarreia crônica) e obesidade.

Embora suas causas ainda não tenham sido claramente discutidas, acredita-se que o grau de inflamação crônica possa estar envolvido com tal situação. 

Segundo estudos publicados pela Academia de Ciências dos Estados Unidos em 2005, a microbiota intestinal de pacientes obesos acaba tendo particularidades que induzem inflamações crônicas e podem gerar complicações.

Além disso, acredita-se que a inflamação de todo o sistema acaba levando a outras consequências graves, como diabetes, degenerações e problemas cardiovasculares – altamente associados com o quadro de obesidade.  

Assim, buscar alterar sua microbiota intestinal de maneira saudável (fazendo inclusive o uso de suplementação) é uma excelente maneira de manter a saúde em dia, evitando problemas e aumentando imensamente sua qualidade de vida.

Probióticos para potencializar o metabolismo

Embora o microbioma exerça papel complexo e essencial sobre a saúde, não é tão difícil assim manter o seu controle.  

Uma simples ingestão de suplementos probióticos ou alimentos fermentados já influencia de maneira positiva e significativa sobre os processos metabólicos. 

Estudos indicam que cepas bacterianas de Lactobacillus paracasei e Lactobacillus rhamnosus agem sobre vias metabólicas de aminoácidos, ácidos graxos de cadeia curta, metilaminas e lipídios hepáticos – representando sua importância sobre a bioquímica e metabolismo corporal. 

Conforme pesquisa do Departamento de Medicina Molecular do Imperial College, os probióticos consumidos são capazes de aumentar a interação entre as bactérias locais e contribuir para toda a ecologia local, alterando e beneficiando a dinâmica populacional.

Além disso, eles podem agir sobre a concentração de gordura absorvida pelo corpo, representando importância crucial para o controle da obesidade.

Os probióticos podem realmente ajudar a combater a obesidade?

De acordo com estudos publicados em 2013, os probióticos de Lactobacillus gasseri do leite humano foram capazes de agir como inibidores da obesidade, reduzindo a quantidade de gordura e peso corporal. 

Desta maneira, a ingestão de probióticos (sem mudanças significativas de dieta ou hábitos de vida) é capaz de gerar mudanças de peso e até mesmo circunferência corporal por si só. 

Outro estudo publicado em 2019, a respeito de probióticos, mostrou que várias cepas bacterianas já tem se mostrado interessantes para melhorar as disfunções metabólicas e o quadro de obesidade, sendo interessantíssimas para pacientes que sofrem com a doença. 

São várias as rotas metabólicas relacionas, como: fermentação de carboidratos, metabólitos, hormônios e lipogênese.

Benefícios da suplementação

Dentre os filos bacterianos que compõem o organismo humano e cumprem suas funções metabólicas, os Bacteroidetes, Firmicutes e Actinobacterias tem se mostrado os mais influentes, atuando como verdadeiros defensores contra patógenos. 

Assim, como principais vantagens da suplementação, podemos citar:

• Inibição de potenciais patógenos, modulando o sistema imune;
• Produção de componentes que beneficiam tanto a imunidade quanto a promoção da saúde em geral;
• Melhora da integridade do epitélio intestinal;
• Promoção de colonização e melhora da ecologia local. 

E como melhorar a minha microbiota de maneira fácil e barata?

Uma alternativa barata e efetiva para melhorar sua flora intestinal é o consumo de alimentos fermentados –  sendo tão efetivo quanto o uso de suplementos. 

Assim, a dieta diária rica em alimentos fermentados e integrais acaba sendo uma excelente maneira de otimizar sua flora intestinal, alavancando todo o metabolismo e promovendo ainda mais saúde e qualidade de vida.