Na busca constante por melhorar a saúde, combater doenças e adquirir mais qualidade de vida, podemos encontrar na natureza diversos aliados poderosos, dos quais se destacam os fitoquímicos. Produzidos por vegetais para garantir a prosperidade de suas estruturas, os fitoquímicos são substâncias químicas desenvolvidas pelas plantas frente a fatores externos como oxidação, doenças na plantação, predadores como larvas e insetos, alterações climáticas e disponibilidade de nutrientes.
Certamente, um dos fitoquímicos mais importantes e benéficos para a saúde humana são os Flavonoides, compostos químicos bioativos da classe dos polifenóis amplamente encontrados em frutas, flores, folhas, mel, como também em alimentos processados como chocolate, chás, vinho e licores. Existem mais de cinco mil Flavonoides conhecidos até o momento e eles são classificados em diversas subclasses de acordo com características específicas de sua estrutura química. As principais delas são as flavanas, flavonóis, flavanonas, flavonas, flavanols, isoflavonas e antocianinas.
Entre essas subclasses, as flavanas são comumente encontradas em frutas e nos chás da planta Camellia sinensis (chá verde, chá preto, chá branco, oolong e pu-erh). As flavononas, assim como as flavonas, estão presentes nas frutas cítricas como a laranja, a tangerina e o abacaxi e também podem ser encontradas em cereais. Os flavonóis estão tanto em frutas quanto em vegetais folhosos, enquanto os isoflavonóides estão presentes apenas em leguminosas, principalmente na soja. As antocianinas, por sua vez, são encontradas em frutas e flores. Sendo responsáveis por colorações específicas, elas são muito utilizadas como corantes naturais.
Por meio de amplos estudos científicos nos últimos vinte anos, notou-se que um fator comum entre todas os tipos de Flavonoides são sua ação antioxidante. Nosso corpo produz, transforma e elimina milhares de substâncias através de reações químicas constantes e dinâmicas. Algumas dessas reações, principalmente as que utilizam oxigênio, formam moléculas instáveis denominadas radicais livres, que em excesso são capazes de promover dano as nossas estruturas celulares, reação conhecida como “oxidação” que pode acarretar doenças, envelhecimento precoce e desequilíbrios metabólicos.
Os Flavonoides são capazes de neutralizar ou de estabilizar esses radicais livres, bem como promover quelação, uma ligação química neutralizadora, de metais pesados que também podem iniciar o processo de oxidação no nosso organismo. Já é amplamente entendido no meio científico que uma dieta rica em antioxidantes, principalmente provenientes de Flavonoides, pode nos proteger de uma série de doenças relacionadas a ação de radicais livres, como a aterosclerose, artrite, artrose, câncer e até mesmo diabetes.
Outro efeito importante dos Flavonoides é sua ação anti-inflamatória. Diversas doenças têm por característica acarretar processos inflamatórios, geralmente derivados de oxidação. Estudos recentes evidenciam que os Flavonoides são capazes de modular cascatas inflamatórias crônicas, atenuando seus efeitos, reduzindo riscos de Infarto Agudo do Miocárdio e Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC), bem como suavizando a degeneração de tecidos e reduzindo a dor em doenças inflamatórias como as citadas anteriormente. O mecanismo pelo qual os Flavonoides são capazes de reduzir quadros inflamatórios ainda não foi completamente elucidado, no entanto, estima-se que sua ação seja sobre metabólitos específicos das enzimas inflamatórias conhecidas como prostaglandinas e tromboxanos.
Também é atribuído aos Flavonoides benefícios à pele, cabelo e mucosas devido a sua capacidade de aperfeiçoar a absorção e a utilização da Vitamina C e de protegê-la de processos oxidativos, aumentando assim sua biodisponibilidade. Sabe-se ainda que os Flavonoides são capazes de realizar ação antioxidante não somente nas nossas células, mas também em diversos outros nutrientes importantes que consumimos como as vitaminas A, D, ácidos graxos insaturados como ômega 3, ômega 6 e ômega 9, melhorando a forma como nosso organismo utiliza todos eles.
Como podem atuar no metabolismo da Vitamina D, os Flavonoides tem demostrado capacidade de prevenção na osteopenia e na osteoporose, condições que levam a degeneração e perda da massa óssea em idosos. Sendo assim, essas substâncias têm sido amplamente utilizadas como recurso auxiliar de tratamento. Evidências recentes sugerem também que os Flavonoides atuem otimizando o fluxo sanguíneo em determinadas áreas do cérebro e protegendo células do sistema nervoso contra processos oxidativos, melhorando a cognição em adultos e retardando a progressão de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.
Com tantos efeitos benéficos e um nome que soa ligeiramente estranho para a maioria das pessoas, o mais importante a destacar é que os Flavonoides são parte fundamental da nossa vida e devem estar sempre presentes, principalmente através da alimentação. Consumir esse importante fitoquímico que pode prevenir tantas doenças é muito simples, prático e acessível. Alguns exemplos de alimentos riquíssimos em Flavonoides são o morango, uva, maçã, tangerina, laranja, melancia, abacate, romã, framboesa, blueberry (mirtilo), gojiberry, brócolis, couve-flor, espinafre, couve, cebola, alho, soja, nozes, amêndoas, cacau, chocolate e mel. Além desses que foram citados, todos os alimentos com tons pronunciados de vermelho, amarelo e verde são excelentes fontes dos diversos tipos Flavonoides.
Vale lembrar que o consumo de Flavonoides está totalmente relacionado aos hábitos alimentares do indivíduo. Por isso, refeições coloridas e ricas em ingredientes naturais são o suficiente para garantir doses consideráveis e diárias de saúde.