A busca por aumento de desempenho e por melhorias estéticas sempre existiu no mundo fitness. Não é a toa que esse é um dos nichos que mais cresce no mundo. A pesquisa para implementação de substâncias no mercado é constante, mas isso não significa que você precisa comprar tudo o que é vendido por aí.
Muitos profissionais defendem a política da simplicidade quando o assunto é suplementação e frequentemente vemos a instabilidade das opiniões sobre os produtos à venda, que vão de heróis a vilões num estalar de dedos.
A Creatina é provavelmente o melhor exemplo desses questionamentos e apesar de ser atualmente um dos suplementos mais vendidos do mundo, já teve a comercialização proibida por especulações com relação a sua utilização. A Creatina surgiu quando o número de produtos desse segmento ainda era escasso, por volta dos anos 2000. Com valores bem abaixo dos produtos da categoria, a Creatina impressiona pelo alto nível de eficiência.
Um composto de aminoácidos relativamente simples, formado basicamente por arginina, glicina e metionina, a Creatina é um peptídeo que naturalmente compõe as proteínas contidas nos tecidos musculares de mamíferos, sendo essencial à vida e primordial no metabolismo energético.
Inicialmente acreditava-se que a ingestão de Creatina estava relacionada a um tipo de lesão renal, já que um dos principais marcadores bioquímicos sanguíneos de saúde desse órgão, a Creatinina, é resultado direto do metabolismo da Creatina. Médicos começaram a observar altos valores de Creatinina na corrente sanguínea, principalmente de atletas que faziam o uso dessa substância, e a relacionar esses níveis negativamente à suplementação.
Devido a essas questões a venda foi impedida pela ANVISA e só foi liberada em 2010, após diversos estudos da indústria farmacêutica comprovarem a sua eficácia e segurança. Dessa forma, pode-se dizer que diferente da grande parte dos produtos, a Creatina é um dos suplementos mais estudados por pesquisadores, com definições específicas sobre o seu funcionamento e seus mecanismos de ação.
A principal função da Creatina está relacionada à promoção de energia muscular em atividades de esforço extremo e agudo como em exercícios de força e de explosão. Isso acontece porque para que haja energia nesse tipo de atividade, nosso organismo utiliza glicose através da via aeróbica, que conhecemos como respiração celular. Quando levamos em conta que para esforço intenso e curto não há tempo suficiente para que esse processo ocorra, entendemos que o papel da Creatina está relacionado ao aumento da capacidade de trabalho em situações que não utilizem predominantemente a via aeróbica para geração de energia.
Sendo assim, podemos dizer que durante treinos intensos como na musculação, a Creatina atua favorecendo os resultados através da manutenção da energia muscular, proporcionando um maior desempenho, essencial em atletas de alto rendimento, aumento da força e da velocidade de recuperação.
Vale lembrar que todos esses fatores estão relacionados a uma ingestão diária, de quantidades e horários lineares, ou seja, a observação dos efeitos são a longo prazo e necessitam de uma estabilidade nos níveis sanguíneos da substância. Isso explica porque muitas pessoas não notam melhoria alguma ao consumir Creatina. A constância, no caso desse suplemento, é um fator essencial.
Além dos benefícios anteriores, a Creatina tem capacidade de aumentar o volume muscular devido a sua propriedade hiperosmolar e hidrofílica, que tendem expandir as células pela alta concentração de água em seu interior. Por essa característica, alguns associam o consumo de Creatina a um aumento da retenção de líquidos, porém esses são dois processos completamente diferentes, já que na retenção estamos falando de acúmulo de água do lado de fora das células.
A utilização da Creatina não se limita apenas a performance esportiva. O suplemento é frequentemente empregado como terapia em doenças relacionadas à perda crônica de massa muscular. Alguns exemplos da aplicação da Creatina são na Sarcopenia, processo natural causado pelo envelhecimento e até mesmo em portadores da Síndrome da Imunodeficiência Humana (SIDA).
Apesar de existirem muitos estudos que comprovem com riqueza de detalhes o funcionamento da Creatina no organismo, existe certo receio sobre a segurança na ingestão da substância, resultado dos questionamentos que foram levantados no passado. Embora o consumo esteja totalmente definido pela ciência, o ideal é conversar com um profissional sobre a real necessidade de ingestão, tendo em vista as características e os objetivos individuais.
A definição de doses e horários de ingestão são fatores muito importantes quando falamos de suplemento alimentar, por isso para que haja um maior proveito dos benefícios, não só da Creatina, mas de todos os produtos dessa categoria, é essencial buscar a orientação de um profissional que adeque esses parâmetros a rotina alimentar e de treinos. Associando a ingestão correta, a uma alimentação adequada e estímulos musculares de intensidade os resultados podem ser rápidos e notáveis.