O Alzheimer é atualmente caracterizado como a maior causa de demência mundial. Estima-se que cerca de 44 milhões de pessoas convivam com essa doença, capaz de afetar a atividade cerebral, impossibilitando e debilitando o portador através da perda de memória, de noção do tempo presente, desorientação, dificuldade de percepção e execução de tarefas, problemas de linguagem e reconhecimento de pessoas e objetos.
Diferente do que se pensava antes da descoberta do Projeto Genoma Humano, o desenvolvimento do Alzheimer, assim como de outras doenças, é diretamente influenciado pelos fatores Epigenéticos, ou seja, que estão em torno da Genética. Apesar da existência de mutações genéticas para determinados genes causadores de doenças, que podem ou não ser hereditárias, questões como a alimentação, o estilo de vida e até mesmo a exposição ao estresse podem ser determinantes para definir se um indivíduo tem mais ou menos chances de desenvolvê-las.
No caso do Alzheimer, a mutação do gene APOE ou Apolipoproteína E é um dos fatores de risco para o desenvolvimento da doença. Existem três tipos de APOE, cada um determinará um nível de risco. Cerca de 15% da população mundial tem o APOE 2, que representa uma pequena chance para a Doença de Alzheimer, enquanto 64% possui o gene APOE 3, ou seja, pode ou não desenvolver a doença dependendo dos hábitos de vida. O APOE 4 é o gene que favorece o maior risco no desenvolvimento da doença e está presente em 21% da população, entretanto isso determinará apenas os fatores genéticos, que não são as únicas variáveis para que o Alzheimer de fato se instale.
A Epigenética está relacionada tanto ao ambiente quanto as atitudes do indivíduo com relação ao seu organismo. A alimentação, por exemplo, pode ser modulada como uma valiosa ferramenta para mediar inflamações crônicas no nosso corpo. A realização de exercícios físicos também é outra maneira de colaborar com a Epigenética que rodeia as mutações que possam existir, enquanto a exposição ao estresse ou à substâncias tóxicas como cigarro, agrotóxicos e radiação podem nos aproximar cada vez mais do desequilíbrio da saúde.
O Alzheimer é classificado em três subtipos: Inflamatório, Atrófico e Tóxico. Quando analisamos o tipo Inflamatório da doença levamos em consideração os fatores Epigenéticos aos quais o indivíduo é exposto, principalmente relacionados a ingestão de alimentos que potencializem essa inflamação como gorduras vegetais, açúcar, derivados do leite, glúten e substâncias artificiais como conservantes e corantes. Através de hábitos alimentares ruins, deficiências na microbiota intestinal e também da exposição a fatores como o sedentarismo, horas de sono reduzidas e o estresse mental, a inflamação crônica se instala. Além da liberação excessiva de Cortisol, o hormônio do estresse, a baixa ingestão e liberação de substâncias antioxidantes, como a Melatonina durante o sono, irá favorecer o acúmulo de radicais livres no organismo, moléculas instáveis que destroem nossas células.
O Alzheimer Atrófico está relacionado à baixa nutrição cerebral principalmente pela ineficiência da liberação de hormônios como o estrogênio, a progesterona e o GH ou Fator de Crescimento, e ainda de substâncias como a Vitamina D, que apresenta comumente baixas dosagens na população. A oxigenação cerebral através do desenvolvimento de novas redes neuronais, como por exemplo a leitura, pode aumentar a habilidade cognitiva, prevenindo o surgimento da doença.
A importância de uma noite de sono reparadora, com uma média de 8 horas diárias, também está associada à atuação do Sistema Glinfático, uma rede de drenagem descoberta recentemente que realiza a limpeza do cérebro, removendo os resíduos e refinando o seu funcionamento, processo que ocorre exclusivamente durante o sono. Sem falar que é justamente quando dormimos que o nosso cérebro realiza uma etapa essencial na consolidação da memória, a ligação do que aprendemos com informações já existentes no nosso “banco de dados”. Exatamente por esse motivo as técnicas mneumônicas, memorização por semelhança com algo mais simples, funcionam tão bem para o arquivamento de informações.
A realização de exercícios físicos também se correlaciona com Alzheimer Atrófico quando avaliamos que o Fator Neurotrófico Derivado de Cérebro ou BNDF, liberado durante atividades físicas, é um importante nutriente cerebral. Já foi comprovado que o aumento da expressão dessa proteína atua diretamente na plasticidade cerebral ou a sua capacidade de adaptação durante a vida.
O terceiro subtipo, o Alzheimer Tóxico, está relacionado à exposição a substâncias como agrotóxicos, biotoxinas resultantes do metabolismo de bactérias ou fungos, radiação ou metais pesados. Todos esses componentes podem favorecer a mutação genética ou auxiliar no desenvolvimento de quadros inflamatórios que desencadeiam a doença.
Observando as características que envolvem a instalação do Alzheimer podemos resumir que a prevenção da doença baseia-se na associação de uma dieta equilibrada, rica em alimentos naturais, preferencialmente orgânicos, atividades de estímulo cognitivo, exposição solar diária, sono de qualidade e a realização de exercícios físicos. Além de prevenir o desenvolvimento em indivíduos saudáveis, esse conjunto de ações pode auxiliar na regressão do quadro de pacientes que já apresentem o diagnóstico da doença, aumentando consideravelmente a qualidade de vida dessas pessoas.