Emoções podem ter mais impacto na sua saúde do que você imagina: A relação entre Inteligência Emocional e o surgimento de doenças

Sabemos que nossas emoções estão diretamente associadas aos nossos relacionamentos interpessoais e a forma como enxergamos a nós mesmos, sendo assim, à medida que nos aprofundamos no autoconhecimento passamos a entender como o meio externo pode afetar nossos sentimentos e também a nossa saúde. Ainda no século IV a.C., Hipócrates já acreditava na relação entre o corpo e a mente. Apesar dessa analogia ter sido negligenciada por muitos anos pela Medicina Ocidental, estudos recentes trazem à tona questões amplamente aplicadas na Medicina Tradicional Chinesa que comprovam que as emoções podem sim influenciar a saúde, curar e até mesmo ocasionar doenças.

Um sentimento que pode influenciar profundamente o sistema cardiovascular, por exemplo, é a Raiva. Comumente presente na vida moderna, a Raiva é uma herança instintiva responsável por estimular nosso estado de alerta para ameaças reais, ou seja, que possam atingir nossa integridade física. Dessa forma, ela é capaz de modular todo o nosso organismo para a defesa através da liberação de adrenalina. Nosso cérebro inicia uma cascata de sinalização que desencadeia no dilatamento das pupilas, no aumento da frequência cardíaca e consequentemente da pressão arterial. Apesar de ser positiva em determinados momentos, a dilatação frequente e intensa dos vasos sanguíneos em crises de Raiva consecutivas pode causar pequenas lesões, favorecer o acúmulo de placas de ateroma e até mesmo Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC).

O Cortisol ou hormônio do estresse, como é mais conhecido, tem um papel fundamental no surgimento dessas doenças Psicossomáticas e está relacionado ao sentimento de Raiva. Em um estudo publicado na Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, pesquisadores observaram o comportamento de 800 voluntários durante três anos e concluíram que pessoas com níveis elevados do hormônio, ou seja, que viviam sob situações de estresse frequentes, apresentavam cinco vezes mais chances de morrer em decorrência de doenças cardíacas.

Além de comprometer a saúde do coração, o excesso de Cortisol pode atuar sobre o nosso metabolismo. Foi o que cientistas suecos observaram em um estudo publicado na revista Diabetic Medicine. A liberação exacerbada de Cortisol altera a maneira como o nosso organismo lida com a absorção da glicose. Notou-se uma maior resistência a Insulina no organismo de voluntários que apresentavam níveis elevados de Cortisol na corrente sanguínea, sugerindo o dobro dos riscos em desenvolver Diabetes tipo 2 nessa população.

Embora a conexão entre o estado de saúde e as emoções tenham sido por muitos anos caracterizadas como conhecimento empírico, a discussão vem ganhando espaço e com isso a importância da Inteligência Emocional vem crescendo, somada aos tratamentos convencionais. Práticas como acupuntura, ioga e meditação já são recomendadas por profissionais da saúde como alternativas para fortalecer o sistema imunológico por meio autoconhecimento e da liberação de hormônios do bem-estar.

Diversas linhas de pesquisa acreditam que o poder das emoções no nosso organismo pode atuar também de forma positiva, promovendo a cura e a prevenção de doenças. Sabe-se que a capacidade adaptativa dos mecanismos de defesa sofrem influência do nosso estado mental. Foi o que revelou um estudo publicado na European Heart Journal que avaliou a expressão de emoções em 1739 voluntários durante 10 anos. Os pesquisadores concluíram que pessoas emocionalmente positivas tinham 22% menos riscos de desenvolver doenças cardíacas, um dado relevante para uma das maiores causas de morte no mundo.

Posteriormente, a capacidade adaptativa do sistema imunológico foi observada em um estudo realizado em camundongos imunodeprimidos que durante poucos dias receberam doses de uma medicação específica. Quando o medicamento foi substituído por placebo, o próprio organismo começou a produzir substâncias que promoveram a cura dos animais, comprovando a hipótese. É impossível falar sobre a forma como a Inteligência Emocional afeta o ser humano sem citar um dos livros mais relevantes sobre esse processo de auto cura. Publicado em 1989, A Cura Quântica – O poder da Mente, do endocrinologista Deepak Chopra, descreve como o sistema imunológico pode atuar por meio da capacidade de reconhecer e de lidar com as emoções, trazendo relatos reais e explorando os aspectos biológicos e mentais que rodeiam as doenças que atingem nosso organismo.

Levando em consideração o estresse ao qual somos submetidos diariamente por meio da rotina cansativa, alimentação de baixa qualidade, agrotóxicos, poluição e escassez de exercícios, o autor lança luz sobre a importância de trabalharmos a Inteligência Emocional ao longo da vida e de enxergarmos a real competência da nossa mente em prevenir e combater doenças por meio das emoções. Com o avanço das pesquisas na área, aumentam as chances da Medicina Ocidental ampliar o campo de visão e atuar em um dos pilares mais importantes da Medicina Tradicional Chinesa: a observação do indivíduo como um todo.

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Autor

Instituto Ortomolecular

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