A forma de deslocamento rápido e a praticidade das bases fixas para retirar e entregar o veículo foram os principais motivos que levaram à popularização do patinete elétrico no Brasil. A ideia das empresas do ramo a princípio era difundir o modelo de locação das bicicletas, já bastante utilizadas no país, para algo ainda mais prático. Quem mora em grandes cidades sabe que o trânsito intenso e os engarrafamentos são parte do dia a dia. Qualquer percurso a quatro rodas é demorado, o que faz com que muitas pessoas prefiram se deslocar a pé. É aí que entram os patinetes compartilhados.
Com velocidade máxima de 20 km/h, os equipamentos logo se tornaram febre no Brasil. Apesar de já ter muitos adeptos, a presença dos patinetes elétricos vem sendo discutida e questionada pelos órgãos públicos. O novo modelo de transporte tem sido manchete de jornais quase todos os dias com relação à segurança de usuários e pedestres. Já foi observado que o número de acidentes tem crescido, porém existe uma escassez de dados, o que fez com que o PROCON de São Paulo solicitasse relatórios mais concretos às empresas que fornecem o serviço no estado. No Rio de Janeiro, dois hospitais registraram cerca de 50 acidentes envolvendo patinetes elétricos cada um, entre os meses de janeiro a abril. Apesar da maior parte dos casos se limitarem a pequenas fraturas, hematomas, escoriações ou torções, a grande preocupação são os ferimentos na cabeça, que podem ocasionar perda de consciência e até mesmo traumatismo craniano.
Um estudo realizado por três meses nos Estados Unidos constatou que nesse período 20 pessoas em 100 mil foram feridas pelo uso do patinete elétrico. Quase metade dos acidentados sofreu ferimentos na cabeça, das quais 15% foram consideradas lesões cerebrais traumáticas. Dentre os motivos que levaram ao acidente, a falta de treinamento alcançou o topo da lista, afinal um terço dos entrevistados relatou que aquela era a primeira vez que utilizavam o veículo. No Brasil, além da escassez de domínio para pilotar o patinete elétrico, a falta de fiscalização quanto ao uso dos equipamentos de segurança são considerados os pontos chave para o alto índice de acidentes.
Apesar de não possuir legislação específica, o Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) determinou normas para o uso do novo meio de transporte. Por não serem considerados veículos propriamente ditos pelo Código de Trânsito Brasileiro, o uso não requer carteira de habilitação, entretanto as normas aplicadas a princípio serão as mesmas dos equipamentos de mobilidade individual, descritos na resolução nº 465 do CONTRAN. Na resolução nacional é obrigatório o uso de indicadores de velocidade, campainha e ainda sinalização noturna dianteira, traseira e lateral. É recomendado também que o usuário utilize capacete de segurança. A velocidade do patinete elétrico será restrita a 20 km/h em ciclovias e ciclofaixas, e a 6 km/h em locais de circulação de pedestres.
Em São Paulo as normas são mais específicas e inclusive sujeitas à multa, com valores que podem variar de R$ 100,00 a R$ 20.000,00, caso haja descumprimento. A Secretaria Municipal de Transportes limitou o uso do equipamento apenas a ciclovias, ciclofaixas ou ruas com velocidade máxima de 40 km/h. A circulação em calçadas foi proibida e o uso do capacete, que até então era apenas recomendado, tornou-se obrigatório. Em comunicado oficial, o órgão determinou que as empresas responsáveis pelo modelo de transporte deverão fornecer o capacete aos usuários. O uso do patinete elétrico por mais de uma pessoa por vez foi proibido, assim como o transporte de cargas ou animais.
Após a apresentação das normas, algumas empresas já se pronunciaram relatando que a segurança dos usuários é uma das principais preocupações, por isso medidas serão adotadas como instruções oferecidas por funcionários no local de retirada dos equipamentos e treinamentos de condução em pontos predeterminados. Embora a regulamentação favoreça a redução dos acidentes no país, existem algumas atitudes simples, que quando implantadas, podem tornar o deslocamento no patinete elétrico mais seguro. Por isso antes de sair por aí em duas rodas atente-se às seguintes recomendações:
- Verifique se a empresa oferece treinamentos de condução;
- Ajuste corretamente o capacete na cabeça, de modo que ele permaneça preso e mantenha a região protegida;
- Mantenha as duas mãos no guidão, para que tenha total controle das manobras a serem realizadas;
- Não utilize celular ou fone de ouvido durante o trajeto para que toda a atenção esteja voltada para a condução do equipamento;
- Respeite a idade mínima para condução, as sinalizações de trânsito e os limites de velocidade determinados pelo CONTRAN;
- Não conduza patinetes elétricos caso tenha ingerido álcool;
- Não tire selfies com o equipamento em movimento, pois isso representaria o risco de tirar uma das mãos do guidão;
- Atente-se aos riscos que o solo pode oferecer, já que em locais com acúmulo de areia ou lama as rodas podem derrapar;