Mesmo se quiséssemos, não conseguiríamos imaginar a quantidade de pessoas que lutam contra um pequeno grande inimigo invisível, que se chama “cândida”. Para quem não sabe, esse vilão se trata de um fungo que, nas condições adequadas, reside em várias partes do nosso organismo como nariz, pele, intestinos e também na vagina, no caso das mulheres.
Frequentemente, por razões como uma baixa da imunidade, por exemplo, há a proliferação exagerada da cândida, provocando uma infecção. Essa infecção se dá em decorrência de um desequilíbrio do sistema imunológico, que pode ser causado por várias razões, como por exemplo, alimentação inadequada, tratamentos para combater determinadas doenças e estresse, entre outros. A infecção mais comum é a da vagina, também conhecida pela sigla “VB” (vaginite bacteriana). Acredita-se que atinja 35% das mulheres em idade fértil, sendo considerada bastante comum.
O que pode causar a VB?
As infecções mais comuns geralmente são causadas por leveduras que podem ocasionar uma série de problemas para a saúde, pois diminuem a nossa energia e a sensação de bem estar. A VB, por exemplo, ocorre quando a flora vaginal apresenta algum tipo de alteração e se dá seguinte forma: os microrganismos que residem na vagina precisam de um ambiente ácido para sua sobrevivência, mantendo afastadas as bactérias “ruins”. Quando o PH vaginal fica alcalino, algumas bactérias “ruins” proliferam neste ambiente, inclusive a que causa a VB.
Alguns fatores contribuem para que essas alterações ocorram, sendo que os mais comuns são: relações sexuais sem proteção (saliva e sêmen alcalinos), duchas vaginais recorrentes, alterações hormonais e outros. A VB pode aumentar os riscos de infecções em todo o aparelho genital feminino, desenvolvendo até mesmo doenças sexualmente transmissíveis e problemas na gravidez.
Como tratar a VB?
Vários tratamentos foram desenvolvidos com o intuito de combater a doença, mas a infecção costuma ser persistente e voltar depois de algum tempo. Muitas mulheres submetidas a tratamentos convencionais retornam aos consultórios com as mesmas queixas e os remédios fazem menos efeito a cada novo tratamento. Em razão dessa resistência das bactérias, pesquisadores do Instituto de Ciências Weismann e do Centro Médico Hadassah em Israel, baseados no êxito do transplante fecal (procedimento utilizado para restaurar o balanço das bactérias que vivem no estômago), desenvolveram a possibilidade de realizar o primeiro transplante de microbioma vaginal.
Utilizando uma técnica semelhante à do transplante fecal, no caso do transplante vaginal, a flora vaginal é repovoada com bactérias (lactobacilos) que mantém o ambiente ácido e saudável. Esse estudo pioneiro testou o VMT (transplante de microbioma vaginal), utilizando doadores completamente saudáveis como alternativa de tratamento para as pacientes portadoras de vaginose bacteriana recorrente e que não respondiam mais aos tratamentos. Cinco pacientes foram submetidas a este novos tratamento, sendo que quatro delas teve a remissão total da doença no final do período.
Profissionais envolvidos no estudo consideram que as questões relativas à saúde da mulher têm sido negligenciada na medicina atual. A vaginose bacteriana é um exemplo de doença extremamente frequente entre as mulheres que, embora não ofereça risco de vida, causa desordens e desequilíbrios que afetam fisicamente e emocionalmente a vida de muitas pacientes.