O Maracujá é uma das frutas mais apreciadas no Brasil, que se destaca como seu maior produtor mundial. A sua utilização, principalmente em sucos e sobremesas, compõe frequentemente a mesa das famílias brasileiras. A primeira referência relacionada à planta do Maracujá ocorreu por volta do século XVII, quando foi enviada como um presente ao Papa Paulo V que pediu para que fosse cultivada em Roma. Suas flores chamavam muita atenção pela beleza e logo ficaram conhecidas como flores-da-paixão, por representar em suas formas únicas os sinais da crucificação de Jesus.
De acordo com o folclore nordestino, o surgimento do Maracujá se deu quando Jesus estava na cruz. Seu sangue molhou o solo e também uma planta que ali estava, transformando-a em uma belíssima flor. Por esse mesmo motivo, o gênero Passiflora, no qual estão enquadradas as mais de 150 espécies de Maracujá, tem seu nome derivado do latim pasio flos oris, ou “flor-da-paixão”. Já o nome da sua fruta, o Maracujá vem do tupi mara cuia, que significa “fruto que se serve, ou alimento na cuia”. Sua origem é incerta, mas acredita-se que tenha surgido na América Tropical, possivelmente no Brasil. Dentre as 60 espécies comestíveis, as mais comuns no país são o Maracujá-mirim, Maracujá-açu, Maracujá-grande e Maracujá-melão.
O Maracujazeiro é um tipo de trepadeira que aprecia climas tropicais, luminosidade, solos férteis e bem drenados, que se reproduz através da polinização cruzada, gerando flores e frutos que carregam de 200 a 300 sementes cada um. O sabor da polpa pode variar de acordo com a espécie. Em algumas apresenta acidez mais acentuada, enquanto em outras o paladar é mais doce.
Além de suas belas flores, com valor ornamental inestimável, o Maracujá é rico em Vitamina A, alcalóides e flavonóides, antioxidantes que combatem os radicais livres, evitando o envelhecimento celular precoce e as doenças relacionadas aos danos celulares como o câncer. A Vitamina A presente no Maracujá promove saúde aos olhos e retarda o desenvolvimento de doenças como a catarata e a cegueira noturna. Também estão presentes Vitaminas do Complexo B e Vitamina C, que dão suporte ao sistema imunológico, potencializando suas ações e aumentando a capacidade de defesa do organismo contra infecções.
Possui quantidades consideráveis de cálcio, ferro e fósforo, que ajudam no fortalecimento dos ossos. O ferro, melhor absorvido quando somado a Vitamina C, aumenta a concentração de glóbulos vermelhos na corrente sanguínea, auxiliando na oxigenação dos tecidos. O potássio, igualmente presente no Maracujá, evita o acúmulo de sódio no organismo e colabora na eliminação de líquidos retidos, reduzindo indiretamente a pressão arterial.
A quantidade de fibras solúveis presentes no Maracujá é impressionante. Uma única fruta, se ingerida com as sementes, é capaz de fornecer praticamente toda a quantidade diária necessária. E por falar em sementes, quando secas e moídas elas podem ser utilizadas como vermífugo, tanto para humanos quanto para animais. São uma ótima fonte de fibras quando adicionadas a sucos e vitaminas. Do Maracujá, tudo se aproveita. A farinha da sua casca também é muito interessante para combater a resistência à insulina e normalizar os níveis de glicose.
Do fruto e das folhas do Maracujá é retirado o extrato de Passiflora que contém grandes concentrações de Passiflorina, uma substância medicinal com propriedades calmantes e sedativas utilizadas na indústria farmacêutica como base para muitos medicamentos que conhecemos. A Passiflorina reduz a pressão arterial, a ansiedade e possui ainda efeito analgésico. O chá das folhas do Maracujá também pode ser utilizado como inibidor do sistema nervoso central e, além disso, auxilia a digestão. Ingeri-lo à noite, logo após a última refeição é uma ótima maneira de combater a insônia e melhorar a qualidade do sono de forma natural.
Por possuir poucas calorias, o Maracujá pode ser ingerido diariamente. 100 ml da sua polpa contém apenas 97 kcal, dos quais quase metade são fibras, portanto o suco dessa fruta é uma ótima opção para quem realiza dietas restritivas, por ter uma baixa quantidade de gorduras e pouco carboidrato. Nesse caso, o Maracujá pode ajudar no controle da ansiedade e consequentemente nos objetivos da dieta.
Não existem contra indicações específicas com relação à ingestão da fruta, inclusive crianças podem consumir normalmente. Já o chá das folhas pode estimular contrações uterinas, sendo assim, gestantes devem evitá-lo. Pessoas que sofrem com hipotensão podem ter os sintomas agravados principalmente após ingerir o Maracujá de forma concentrada. O consumo do Maracujá pode causar sonolência e interferir na ação de alguns medicamentos antidepressivos.
Atentando-se aos casos especiais, o Maracujá é um ótimo alimento que pode servir de base para sucos, vitaminas, sobremesas e até pratos salgados como molhos para saladas e peixes. Pode ser utilizado para marinar carnes, assim como o limão.
Além de delicioso, o Maracujá é uma fruta barata, versátil, rica e muito abundante no Brasil, que pode promover saúde à toda família.