Para a visualização de estruturas celulares, de modo geral, é sempre necessária à utilização de meios que aumentem a resolução, tendo em vista a invisibilidade a olho nu dessas estruturas. A Microscopia Óptica é o método mais comum de observação, útil em grande parte dos estudos e amplamente utilizado nos laboratórios de análises clínicas.
Através de técnicas de coloração tradicionais, as amostras de interesse são previamente tratadas tornando possível a identificação com riqueza de detalhes. O corante penetra estruturas celulares pela permeabilidade da membrana, permitindo que a luz emitida pelo microscópio diferencie a amostra do fundo.
Em células sanguíneas é realizado um esfregaço em uma lâmina de vidro com uma pequena amostra do sangue do paciente, posteriormente tratada com um trio de corantes denominado Panótico. O primeiro reagente é um fixador que irá atuar como um conservante, preservando estruturas celulares e bloqueando reações químicas em andamento. O segundo é um corante ácido que irá tingir de rosa o citoplasma e as estruturas celulares básicas. O terceiro tingirá o núcleo de roxo-azulado.
Com ajuda do microscópio óptico, a luz reflete a amostra e o fundo em questão, porém apenas as estruturas celulares de interesse estarão coradas. Esse método torna possível apenas a observação estrutural e quantitativa, pois o processo acaba imobilizando e ressecando as células. As tonalidades dependerão do tempo de exposição. Algumas estruturas mais sensíveis ao pH podem apresentar mudanças bruscas que quando observadas in vivo.
Cada tipo de amostra necessitará de um tratamento específico. Para identificar a presença de parasitas intestinais, por exemplo, é necessário utilizar uma solução de Lugol nas fezes diluídas, já cristais urinários dificilmente podem ser corados devido a sua estrutura praticamente impermeável. Nesses casos a visualização é mais difícil, necessitando que o profissional domine as características principais dessas estruturas para que faça o reconhecimento.
Visando uma identificação rica em detalhes surgiu a Microscopia de Campo Escuro, uma técnica empregada em situações em que as amostras não permitem uma coloração eficaz ou em análises de células vivas, ou seja, amostras que não passaram por tratamento de imobilização, a fixação tradicional.
Estruturalmente, o Microscópio de Campo Escuro é bem parecido com o Microscópio Óptico Comum. Ambos possuem Condensador, Lentes Ocular e Objetiva, além da fonte de luz na parte inferior. A única diferença é a presença de um Disco Opaco abaixo do Condensador. Enquanto a luz emitida pelo Microscópio Óptico Comum atravessa toda a amostra, refletindo o fundo da área em torno do objeto de interesse, na Microscopia de Campo Escuro (MCESV) o Disco Opaco será o responsável por impedir que a luz emitida passe totalmente através do Condensador. Dessa forma, apenas uma pequena fração atingirá a amostra enquanto a maior parte sofrerá um desvio. Através do foco do feixe de luz apenas nas estruturas de interesse, o observador não sofrerá interferência pelo fundo da amostra, resultado numa visualização de maior definição.
Apesar de ser útil na visualização de inúmeros microrganismos como as Espiroquetas Leptospira interrogans, causadora da Leptospirose e a Treponema pallidum, responsável pela sífilis, a Microscopia de Campo Escuro (MCESV) tem sido amplamente empregada no estudo da morfologia das células sanguíneas em sangue vivo. Através da coleta rápida de uma pequena quantidade de sangue, ainda no consultório, é possível avaliar quantitativa e qualitativamente uma amostra do paciente, determinando o grau de anormalidade através de parâmetros como tamanho, cor, tipo, forma e atividade das células.
Correlacionando a anamnese à observação do comportamento e da morfologia celular é possível avaliar como o organismo responde a infecções, se existem resultados positivos com relação a tratamentos que estejam sendo realizados, respostas negativas mediante a exposição química ou medicamentosa e a verificação do estado geral de saúde.
Após o exame, o especialista irá interpretar a forma como as células sanguíneas se comportam, além de sua estrutura. Diferente de outras áreas da medicina, o foco da Microscopia de Campo Escuro (MCESV) na Análise de Sangue Vivo é utilizar os conhecimentos da biologia celular para determinar a causa do problema. Doenças relacionadas à digestão, má absorção de nutrientes e até mesmo excesso de radicais livres podem ser identificados e tratados por meio dessa terapia, mesmo que o paciente seja assintomático.
Dessa forma, a Microscopia de Campo Escuro (MCESV) previne doenças neurodegenerativas, câncer, doenças inflamatórias intestinais e identifica intolerâncias alimentares, alergias e deficiências nutricionais específicas, permitindo que o tratamento seja iniciado com antecedência e aumentando as chances de cura em alguns casos. Ao iniciar a terapia é possível realizar análises periódicas e visualizar a evolução do tratamento por meio de comparativos trimestrais. Assim a assertividade das medidas que foram aplicadas serão colocadas a prova, visando à recuperação total do paciente.
Para realizar uma avaliação de Sangue Vivo é necessário buscar um profissional qualificado que seja especialista em Morfologia e Análise por Microscopia de Campo Escuro (MCESV). A terapia de eficácia comprovada pode colaborar ativamente nos tratamentos convencionais de pacientes debilitados ou servir como base para a melhoria da qualidade de vida de pessoas saudáveis, por meio da prevenção.