Mirtilo (Blueberry)

Apesar de ser pouco conhecido no Brasil, o Mirtilo é um fruto saboroso, amplamente cultivado em países europeus e também nos Estados Unidos. Oriundo de uma planta arbustiva que pertence à família Ericaceae, os espécimes de Mirtilo podem apresentar desde 30 centímetros de altura até 3 metros, de acordo com o tipo.

Com exigências específicas para o cultivo, a planta tem preferência por climas frios entre 7ºC e 15ºC, solos férteis, de pH ácido, que sejam ricos em matéria orgânica nutritiva. Durante o plantio é necessário um grande aporte de água, entretanto, é essencial que haja drenagem constante, sem alagamento das raízes. 

Para uma frutificação eficaz a planta precisa de podas anuais, levando em consideração que os Mirtilos se desenvolvem apenas em brotos novos. A propagação comercial da espécie ocorre por estacas. Após o surgimento das flores, que são brancas e levemente rosadas, os frutos começam a aparecer. Apresentam uma cor azulada intensa e são recobertos de uma cera natural, que dá ao fruto um aspecto fosco. O sabor pode variar entre cada espécie, mas geralmente frutos com finalidade comercial são doces, enquanto os silvestres apresentam uma acidez mais acentuada. Em seu interior são encontradas pequenas sementes em abundância. Nos arbustos, apresentam-se em cachos de tamanhos variados. 

Existem diversas espécies de Mirtilo com características específicas, porém para a comercialização as três mais importantes são a Highbush, a Rabbiteye e Lowbush. A primeira é que apresenta a melhor qualidade, com frutos maiores e sabor incomparável, entretanto são plantas exigentes quanto à temperatura e a água. A Rabbiteye é atualmente a espécie com maior relevância, por balancear as exigências de cultivo e ainda assim apresentar boas colheitas, enquanto a Lowbush tem crescimento rasteiro, frutos bem menores que acabam sendo utilizados apenas para o processamento na produção industrial de alimentos. 

Apesar de ser cultivado na região Sul do Brasil, a produção nacional de Mirtilos não alcança 10 toneladas anualmente. O clima é um dos principais fatores que impossibilita o aumento das áreas de plantio. O controle das condições necessárias para um bom desenvolvimento como solo e água em quantidades adequadas torna seu cultivo extremamente caro. Apesar disso, a valorização dos frutos acompanha a baixa oferta. Seus produtores conseguem bons preços na safra, o que reflete em altos valores de prateleira para o consumidor.

Para suprir a demanda que ainda é baixa, grande parte dos Mirtilos consumidos no Brasil são provenientes de importação. Os frutos são geralmente comercializados em pequenas bandejas, refrigerados, com durabilidade de cerca de 20 dias, se mantidos nessas condições.

Ainda que o Mirtilo tenha seu consumo pouco difundido no país, o fruto tem alto valor nutritivo. Rico em Vitamina C, Vitaminas do Complexo B, Ferro, Fósforo e Magnésio, ele tem sido relacionado à prevenção de diversas doenças como o Diabetes e o Câncer, segundo a Embrapa.

Um dos benefícios mais difundidos do fruto é a grande concentração de polifenóis, principalmente Antocianinas, uma substância responsável pela cor das bagas que combate ativamente os radicais livres e auxilia na visão. Além de combater o envelhecimento precoce, o Mirtilo previne doenças neurodegenerativas como o Alzheimer e aumenta os níveis de Dopamina, um importante neurotransmissor do Sistema Nervoso Central que promove as sensações de prazer e bem estar.

O alto teor de fibras do Mirtilo melhora o trânsito intestinal e previne a constipação. Há estudos que relacionam o consumo do fruto a redução dos níveis de LDL (colesterol ruim), melhoria da circulação em pacientes com Retinopatia Diabética e inclusive nos sintomas de infecções no trato urinário. Com propriedades antivirais e antibacterianas, o Mirtilo fortalece o sistema imunológico e alivia inflamações que acometem a mucosa. É ainda um fruto de baixa caloria, tendo em vista que 100 gramas equivalem apenas a 56 kcal, sendo assim, pode ser um grande aliado em dietas que visem à redução de peso.

O Mirtilo é um fruto delicioso e pode ser consumido de diversas maneiras, seja em vitaminas, sucos, geleias, tortas ou até mesmo in natura. Os profissionais recomendam ingerir cerca de meia xícara desses pequenos frutos diariamente.

Apesar dos efeitos colaterais serem raros e pouco expressivos, os relatos estão, em sua maioria, associados ao consumo excessivo ou a reações alérgicas pré-existentes. Em grandes quantidades, o Mirtilo pode causar aumento da diurese, náuseas, flatulência e alterações na pressão arterial. O fruto pode ser utilizado como coadjuvante em tratamentos, entretanto não extinguem a necessidade de recomendação médica em casos específicos como infecções urinárias agudas e dislipidemias.

Seu valor de mercado nada agradável torna o Mirtilo um fruto raro na mesa dos brasileiros, embora a agricultura nacional esteja evoluindo para o aumento da produção, o que garantirá uma maior difusão, disponibilidade e sobretudo preços mais acessíveis.

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Autor

Instituto Ortomolecular

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