Tão refletida por filósofos e poetas, a dor quando sentida mais parece um sofrimento injustificável criado por uma natureza iracional. Tão sedutora a vontade de silenciá-la de tão inconveniente que é. Mas é só ao conhecer a história de quem a nunca sentiu que nos deparamos com a estranha realidade de uma dor que não só machuca, mas também protege.
Como poderia ser diferente se não a natureza tãosábia e certa da razão de existir de cada sentimento da vida? É só nossa capacidade ínfima de entender a efemeridade da dor alertada frente a enfermidade da dor postergada. Sem mais delongas, você conhece agora a curiosa história de quem nunca sentiu o que muitos não gostariam de sentir, os casos das pessoas que nunca sentiram dor!
– A síndrome de Marsili. Os membros da família Marsili sempre tiveram dificuldades em sentir dor. Eles não possuem sensibilidade à temperatura e frequentemente quebram ossos sem ao menos perceber! A matriarca foi a primeira a apresentar os sintomas, presentes ao longo de toda sua vida, e agora suas duas filhas e três netos também não sentem dor. De tão rara, a síndrome foi nomeada com o sobrenome da família e os estudos apontam que a causa é genética: Uma mutação no gene “ZFHX2”.
– Isso é cheiro de churrasco? Uma mulher escocesa passou boa parte da vida sem suspeitar de sua anormalidade, mesmo tendo problemas em sentir ossos quebrados e uma severa artrite no quadril. Em episódios mais extremos, a mulher só percebia queimaduras pelo cheiro que sua pele exalava. Mesmo assim, ela só foi diagnosticada por conta de uma visita ao hospital aos 60 anos para realizar um cirurgia na mão, onde ela surpreendeu os médicos ao dispensar qualquer anestesia ou analgésico. Depois de muito pesquisar, especialistas em genética descobriram um trecho de DNA diferente do responsável pela síndrome de Marsili como o causador da condição nesse caso.
Agora que você conhece a dor dos que não sentem dor, você sabe a importância de encarar de forma contemplativa os primeiros avisos do corpo e endereça-los rapidamente. Devemos agradecer esse mecanismo de proteção e cuidar para que ele não se desequilibre. Se a dor for um aviso, senti-la constantemente seria uma sirene de emergência?