O intestino é o seu segundo cérebro? Saiba mais sobre a importância desse órgão à saúde.

Com a introdução de alimentos probióticos no mercado e a difusão dos conhecimentos relacionados à importância da saúde intestinal no organismo, já ficou claro que esse é um órgão de grande importância para todos nós. O que não sabíamos até o momento é que depois do cérebro, o intestino possui a maior quantidade de neurônios, células que compõe o sistema nervoso. Por esse motivo, vem sendo chamado pelos pesquisadores de “o segundo cérebro”.

Sempre houve uma suspeita entre a relação do cérebro com o intestino. Em situações de estresse, é comum que estejam presentes desconfortos intestinais como cólica, diarreia ou constipação. Igualmente quando somos acometidos por uma infecção intestinal podemos desenvolver dores de cabeça e outros sintomas relacionados. Sabe-se que o intestino é o responsável por produzir grande parte dos neurotransmissores essenciais à vida, entre eles a serotonina e a dopamina, hormônios que promovem a felicidade e o bem estar. Dessa forma, o entendimento da ligação entre esse órgão e o cérebro pode significar avanços consideráveis para ambas as áreas.

Juntamente ao progresso das pesquisas muitas dúvidas começam a surgir. A principal está relacionada aos efeitos dos alimentos que ingerimos no funcionamento do sistema nervoso central, relacionando a qualidade nutricional dos mesmos, ao correto funcionamento desse sistema. Isso fica claro no caso de pessoas com hipersensibilidade a glúten ou lactose, por exemplo. É questionado se as exposições sucessivas a essas substâncias poderia gerar micro lesões nas paredes intestinais que prejudicariam a comunicação entre o intestino e o cérebro.

A bióloga brasileira Ilana Gabanyi graduada pela USP, compõe o grupo do Instituto Pasteur, localizado em Paris, onde realiza o pós-doutorado junto à equipe que é referência mundial sobre o assunto. Ainda em fase inicial, os estudos visam entender exatamente como essa ligação ocorre. As pesquisas que envolvem a união desses dois sistemas complexos podem colaborar na compreensão e no tratamento de doenças intestinais crônicas como Doença de Crohn, síndrome do intestino irritável, entre outras de etiologias pouco esclarecidas.

Até o momento o que se sabe é que existe uma rede de neurônios presentes no sistema nervoso simpático que se comunicam tanto com outros neurônios específicos do sistema nervoso central quanto com macrófagos, células de defesa da imunidade inata que realizam a varredura dos tecidos verificando invasão por agentes patológicos. A ação dos neurônios intestinais está relacionada à ativação dessas células quando há possibilidade de uma infecção. A partir da especialização celular, os macrófagos agem no combate e na manutenção tecidual visando a homeostasia. 

Essa conclusão ocorreu através de experimentos in vivo, em que camundongos infectados com bactérias específicas tinham seus tecidos intestinais isolados para observação após duas horas de contato. Em diversos ensaios verificou-se uma grande proximidade entre neurônios e macrófagos, que através da especialização passavam a atuar produzindo substâncias que contivessem a infecção e a inflamação no local.

As pesquisas com a participação da brasileira seguem na França, e embora tenham tido início no Brasil devem ser concluídas no exterior, principalmente pelos sucessivos cortes nos investimentos que o setor vem sofrendo. Os resultados são otimistas e prometem revolucionar a forma como a medicina, a indústria farmacêutica e de alimentos lida com as doenças intestinais, contribuindo consideravelmente na prevenção e tratamento de casos graves relacionados ao órgão.

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Autor

Instituto Ortomolecular

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