Conhecido como um dos frutos mais versáteis do mundo, o limão, que pertence à família das Rutáceas, surgiu na Ásia, mais especificamente na Índia. Não se sabe ao certo como ocorreu o início do processo de difusão mundial do limão, mas acredita-se que tenha sido por volta do século VII e IX, quando foi levado para a Europa.
Por fornecer cerca de 28 mg de Vitamina C por unidade, o limão foi um dos grandes responsáveis por praticamente extinguir o Escorbuto. Essa era uma doença muito comum, principalmente em marinheiros no século XVI, que não tinham acesso a frutas e legumes ricos nesse nutriente. A causa da morte se dava principalmente por infecções pela diminuição da cicatrização e hemorragias internas e nas gengivas. A Vitamina C presente no limão atua na estrutura de enzimas no processo de coagulação, ajudando na cicatrização de ferimentos. Estima-se que entre o século XVII e XVIII mais de um milhão de marinheiros morreram vítimas do Escorbuto, por carência em Vitamina C.
Na Europa, o limão siciliano é um dos mais consumidos, por ter uma melhor adaptação do plantio a climas frios. Já no nosso continente, o limão veio trazido nos barcos portugueses que atracaram no litoral, no século XVI. Existem diversas espécies de limão, porém no Brasil os mais comuns são o limão-tahiti, limão-galego e limão-cravo.
Justamente por conta do clima tropical, o Brasil tornou-se um dos grandes produtores de limão do mundo, principalmente no estado de São Paulo.
O cultivo no país começou por volta dos anos 60 com o limão-galego. O limão-tahiti começou a ser introduzido somente após uma praga ter praticamente dizimado a produção da espécie anterior.
A utilização do limão é extremamente ampla. O fruto está presente desde a composição de receitas, xaropes e remédios a produtos de limpeza e perfumaria. Por esse motivo, o limão sempre foi alvo de estudos e descobertas, inclusive há relatos de que os romanos já utilizavam o limão na cura de feridas.
Extremamente rico em Vitamina C, um importante antioxidante exógeno, a ingestão do limão pode potencializar a biodisponibilidade do ferro de origem vegetal. Esse tipo de ferro, conhecido como ferro não-heme, pode ser encontrado principalmente em verduras de cor escura e grãos. A absorção desse nutriente é considerada baixa pelo nosso organismo, podendo variar de 2% a 20%, porém ela pode ser aumentada com a ingestão de alimentos ricos em Vitamina C na mesma refeição.
A ação antioxidante do limão se dá pelo combate aos radicais livres, moléculas instáveis produzidas naturalmente, que tendem a danificar as nossas células ao longo do tempo. Esse processo inevitavelmente ocorre, mas pode ser amenizado com a ingestão de antioxidantes, que anulam as reações de instabilidade dos radicais livres. A presença de radicais livres causa aceleração do envelhecimento celular, por isso a ingestão de Vitamina C melhora a aparência da pele e o funcionamento de órgãos como o fígado e do sistema vascular.
Também conhecida como Ácido Ascórbico, a Vitamina C estimula a produção de colágeno, uma das proteínas mais indispensáveis para o nosso organismo, presente em tendões, ligamentos, pele e músculos.
O colágeno é o responsável pelo fortalecimento dessas estruturas, funcionando como uma rede de sustentação.
Além disso, o limão é rico em Ácido Cítrico, um grande aliado à melhoria do processo de digestão. O teor dessa substância chega a alcançar impressionantes 6%, a maior concentração de ácido cítrico existente em frutas. A laranja e a tangerina, por exemplo, podem atingir de 0,6% a 1%.
O Ácido Cítrico é justamente o responsável pela função bactericida do limão, impedindo o desenvolvimento de bactérias e fungos nas superfícies em que entra em contato.
Apesar de ser considerado um super alimento, o limão também oferece riscos a saúde quando utilizado indevidamente. Um exemplo disso são as manchas que podem ocorrer na pele caso haja contato com limão e exposição solar em seguida. Isso acontece porque o limão é rico em uma substância conhecida como Furocumarina, um fotossensibilizante poderoso, que pode provocar queimaduras na pele e até bolhas muito dolorosas. Por isso é muito importante lavar bem as mãos e outras regiões do corpo que tenham tido contato com o suco do limão.
A ingestão em excesso ou o consumo do limão por pessoas que tenham gastrite, úlceras ou refluxo pode aumentar a acidez estomacal, piorando o quadro de saúde. Sendo assim, é importante avaliar em que contexto essa ingestão está inserida, principalmente com relação aos horários e ao conjunto de alimentos da refeição. Ingerir água com limão em jejum pode ser uma ótima alternativa para algumas pessoas, mas causar dores estomacais em outras.
De modo geral, o limão pode contribuir de forma significativa na promoção da saúde, mas apesar disso está longe de ser a solução para todos os males. São necessárias atitudes amplas pensando na qualidade de vida para que esse objetivo seja alcançado com sucesso, portanto boas práticas alimentares devem ser somadas ao seu consumo para que sejam aproveitados todos os benefícios desse incrível fruto.