Descoberto em 1840 pelo alemão Dr. Christian Friedrich, o Ozônio é um gás formado pela união de três moléculas de oxigênio que envolve e protege nosso planeta contra os raios ultravioleta e que vem ganhando destaque no tratamento de doenças. Utilizado como prática medicinal na Alemanha desde o século XIX, a Ozonioterapia foi amplamente aplicada durante a 1º Guerra Mundial para tratar feridas e combater infecções em soldados. No Brasil, o método que foi introduzido em 1935, logo começou a se espalhar nas áreas da medicina e na odontologia.
A aplicação pode ser feita de diversas maneiras no corpo humano visando reduzir os sintomas de doenças inflamatórias como artrite, colite, doenças circulatórias, feridas, úlceras, queimaduras, hérnias, infecções bacterianas, fúngicas e virais, imunoativação geral em pacientes com SIDA (Síndrome da Imunodeficiência Humana), além de reduzir os efeitos colaterais da quimioterapia atuando como método complementar ao combate do câncer.
A escolha da técnica para aplicação da Ozonioterapia é variável de acordo com a enfermidade e a necessidade do tratamento. Dentre os meios mais difundidos, a AutoHemoterapia Maior é a mais utilizada pela capacidade de benefícios imediatos e tardios. A técnica consiste em retirar até 250 ml de sangue do paciente, via acesso venoso, adicionar o gás ozônio em concentração de cerca de 5%, diluído em 95% de oxigênio, por meio de um aparelho apropriado para essa finalidade, e reintroduzir o sangue pelo mesmo acesso. Em pequena escala, também é utilizada a AutoHemoterapia Menor, que retira uma quantidade reduzida de sangue do paciente, de 10 a 50 ml, que após a ozonização é reintroduzido via intramuscular.
No tratamento de artroses, artrites ou demais doenças inflamatórias articulares como síndrome do túnel do carpo, a aplicação direta de Ozônio Intra Articular pode apresentar resultados satisfatórios. A mesma técnica pode ser utilizada para o tratamento de feridas, com aplicações ao redor do local. O uso de Bolsas também é uma alternativa bastante empregada principalmente no caso de úlceras diabéticas e queimaduras, em que o membro é envolto com um plástico que é em seguida inflado com gás Ozônio.
Para inflamações de órgãos compostos por cavidades como a bexiga, canal vaginal e cólon, a maneira mais adequada de aplicação é a Insuflação do gás no órgão de interesse por meio de um cateter. Dessa forma, é possível introduzir uma grande quantidade de Ozônio, expondo as paredes internas do órgão ao tratamento. Existem outras maneiras de aplicação da técnica abordadas com menor frequência como a Ozonização da Água para a lavagem de feridas, aplicação tópica e o Hidrozônio.
Apesar de ser plenamente aceita em alguns países como Cuba, Estados Unidos, Itália e de ser remunerada ou totalmente coberta pelo Seguro-Saúde nos governos da Grécia, Alemanha, Rússia e Ucrânia, a Ozonioterapia vem desde 2018 sendo tema de destaque nos debates dos órgãos que regulamentam as práticas médicas no Brasil. Após a revisão dos diversos estudos publicados sobre o assunto, o tratamento presente em clínicas brasileiras vem sendo questionado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que considera os benefícios da prática pouco esclarecidos até o momento.
Além da inexistência de ensaios duplo-cego, uma das metodologias mais importantes para avaliação da eficácia de medicamentos e tratamentos, se aplicada em doses incorretas a Ozonioterapia pode representar riscos consideráveis à saúde. Por ser um gás extremamente volátil, antes de ser aplicado o Ozônio necessita de uma diluição precisa em Oxigênio, para que não haja reações com células saudáveis, o que pode gerar prejuízos à saúde.
Uma resolução publicada pelo CFM em julho no mesmo ano e posteriormente confirmada pela Justiça Federal estabeleceu que a Ozonioterapia pode ser utilizada por Médicos apenas como tratamento experimental, ou seja, sem que haja cobrança de valores relacionados a esses serviços, sob pena de advertência confidencial e sujeito até mesmo a cassação do exercício profissional.
Diferente do CFM, os Conselhos Federais de Enfermagem e de Odontologia permitem que os profissionais utilizem a Ozonioterapia em alguns casos. Na Odontologia, por exemplo, a técnica é amplamente empregada na cicatrização cirúrgica, assepsia e até mesmo no estímulo do restabelecimento ósseo em perdas parciais. Para reduzir os efeitos colaterais da Quimioterapia, muitos hospitais brasileiros conceituados investem no uso do Ozônio administrado por enfermeiros.
Embora o tratamento completar venha apresentando resultados positivos, para a grande parte dos cientistas a utilização do gás de forma terapêutica necessita de estudos mais aprofundados. De modo geral, para que haja segurança no procedimento, os órgãos regulamentadores recomendam que os pacientes busquem profissionais devidamente capacitados e que atuem dentro das normas de seus Conselhos Federais.