Conhecida por agregar sabor aos pratos, principalmente das regiões Norte e Nordeste do Brasil, a Pimenta é também uma importante fonte de matéria prima para a indústria farmacêutica. A origem desse alimento é um tanto controversa. Os primeiros relatos são de cerca de 7.000 anos a.C., na América do Sul e Central, onde exemplares selvagens eram ingeridos juntamente a raízes e cereais ou utilizadas para a conservação de alimentos, por ter propriedades antifúngicas. Acredita-se que esse tenha sido um dos primeiros alimentos cultivados pelo homem.
O primeiro europeu a descobrir a Pimenta foi Cristóvão Colombo, que ao navegar para a América em 1493, encontrou o fruto avermelhado já difundido entre os nativos, o qual denominou de “pimiento”, em referência às famosas pimentas do reino da espécie Piper nigrum, originárias do sudeste asiático. A partir disso a Pimenta foi difundida para Ásia e África, dando início ao cultivo em larga escala. Em menos de um século todos os continentes já conheciam a Pimenta. Apesar do solo e a temperatura do Brasil serem consideradas favoráveis para o cultivo do alimento, o país é um dos que menos consome pimenta no mundo. O valor não chega a alcançar 0,5 gramas por dia, em contrapartida, os tailandeses consomem cerca de 8 gramas diariamente.
As Pimentas são frutos das plantas da família Solanaceae, do gênero Capsicum, nome de origem grega que significa morder, uma provável alusão à sensação de picância na boca, comum ao ingerir o alimento, provocada por substâncias alcalóides conhecidas como capsaicinóides. Existem diversas espécies de Pimenta espalhadas pelo mundo, cerca de 27 já catalogadas mas apenas 5 são cultivadas pelo homem. A identificação é feita através das flores da planta. Dentre elas, as mais comuns são Capsicum annum (jalapeño, caiena, pimentão), Capsicum pubescens (rocoto), Capsicum frutescens (malagueta, dedo de moça), Capsicum baccatum (cambuci ou chapéu de frade) e Capsicum chinense (habanero, pimenta de cheiro, pimenta biquinho ou murupi).
O nome comercial das Pimentas pode variar dependendo do país e da região de cultivo. Demais fatores como luz solar, temperatura e umidade são cruciais na qualidade e nas características do alimento que pode se diferenciar em cada lugar do mundo. O grau de picância, denominado pungência, dos tipos de Pimenta segue uma escala gradativa chamada de Scoville Heat Units (Unidades de Calor Scoville). Quanto maior a quantidade de capsaicinóides no fruto, maior será a sensação de queimação ao ingeri-lo.
Embora muitas pessoas acreditem que as sementes das Pimentas sejam responsáveis pela pungência, a capsaicina está presente em todo o fruto, em maior concentração nas sementes. Ela é responsável pela defesa da planta contra fungos e bactérias e exatamente por esse motivo a medicina tem tanto interesse em suas propriedades. Apesar da ardência parecer inicialmente desagradável ao paladar, o prazer pela ingestão da Pimenta já foi explicado pela ciência ao avaliar os efeitos da capsaicina, que atua na liberação de endorfina, hormônio responsável pela sensação de bem estar.
Os compostos bioativos mais encontrados nas Pimentas são a capsaicina, a violaxantina (mais encontrada em pimentas amarelas), a luteína, o ácido ferúlico e o ácido sinapínico. Todos atuam no organismo como antioxidantes naturais que combatem radicais livres, prevenindo o câncer e o envelhecimento precoce. As Pimentas são ainda ricas em Vitamina C, substância capaz de reforçar o sistema imunológico. O alimento também é fonte de Vitaminas A, E, B e K, além de minerais como ferro, magnésio, cobre e potássio.
O maior benefício da Pimenta para muitos está relacionado ou seu efeito termogênico, que potencializa a perda de peso. Apesar de o emagrecimento estar relacionado a um contexto geral e não a um único alimento, acredita-se que a elevação da temperatura corporal causada pela ingestão da Pimenta possa colaborar com a aceleração do metabolismo e consequente queima de reserva corporal de gordura.
O consumo de Pimenta tem o poder de estimular o sistema digestivo através do aumento de salivação e de secreção gástrica. Tem efeitos analgésicos relacionados à ligação da capsaicina aos receptores de dor, promovendo alívio dos sintomas de doenças musculares inflamatórias como a fibromialgia. Ela aumenta a liberação de colágeno, responsável pela manutenção da qualidade da pele, ligamentos e tendões. Por ter efeitos termoativos, a ingestão de Pimenta aumenta a vascularização e melhora o fluxo sanguíneo. A Universidade de Hong Kong afirmou que o consumo de pimenta pode reduzir os riscos de doenças cardíacas e colaborar em dislipidemias. A liberação de endorfina através da capsaicina também pode ser um contribuinte contra a depressão.
Apesar da maior forma de consumo de Pimenta ser através de molhos, conservas ou sementes secas, os benefícios foram mais observados em sua totalidade em exemplares frescos. A perda de nutrientes é considerável quando os frutos são submetidos a processos de liofilização, secagem ou aquecimento. Ao ingerir Pimentas com alto grau de pungência você não deve beber água ou qualquer bebida gasosa. O ideal é tomar um copo de leite, iogurte ou comer queijos. A caseína presente nesses alimentos inibe os efeitos da capsaicina, aliviando a ardência em poucos segundos.
Hipertensos devem evitar consumir Pimenta, pois o aumento do fluxo sanguíneo e rubor podem causar desconforto e aumentar a pressão arterial. Já pessoas com problemas gastrointestinais como úlceras, gastrite ou hemorroidas não devem ingerir. Apesar de não ser a causa, a Pimenta pode aumentar lesões já existentes no estômago e no trato digestivo, agravando os sintomas. Quando ingerida em excesso, a Pimenta pode irritar a mucosa da boca, causar azia e até mesmo interagir com medicamentos, por isso para se beneficiar desse alimento sem que haja complicações, o ideal é consumir com moderação, cerca de 4 vezes ao dia em pequenas porções.