Tai Chi Chuan: A arte marcial chinesa de preservação da saúde

Difundida como um tipo de meditação em movimento, o Tai Chi Chuan se tornou uma das artes marciais mais conhecidas no mundo, que apesar de ser comumente utilizada como terapia, inclusive muito comparada ao Yoga, nasceu como uma prática de defesa pessoal.

Acredita-se que o Tai Chi Chuan tenha surgido em torno do século XVII na China e que tenha resultado de diversas influências culturais e religiosas do país, como o taoísmo. A sistematização dessa arte marcial iniciou-se em torno de 1600 d.C. e a partir daí diversas famílias começaram a desenvolver estilos diferentes de Tai Chi. As ramificações mais conhecidas atualmente são a da família Yang e a da família Cheng.

Como uma tradição, o Tai Chi Chuan era passado de geração a geração. No Brasil, através da implantação da Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan pelos descendentes da família Yang, o estilo acabou sendo mais conhecido que os demais. A linhagem de sangue direta, que atualmente alcança a sexta geração entre o mestre Yang Jun e o criador desse estilo Yang Lu Chang, é o que garante a originalidade da prática que conseguiu sobreviver intacta através dos séculos.

A palavra Tai Chi Chuan tem significados isolados. Tai corresponde a “o maior, absoluto”, Chi “parte mais alta do telhado ou cumeeira”, enquanto Chuan significa “punho, mãos livres”, ou seja, sem armas. Existem também modalidades com terminações específicas de Tai Chi em que se utilizam leques, sabres ou espadas.

O Tai Chi Chuan baseia-se em movimentos relaxantes, suaves e de fluidez característica, que necessitam de um alto grau de concentração e de controle respiratório, proporcionando calma e redução dos níveis de estresse e ansiedade. O número de movimentos pode variar de acordo com o estilo. No Chen, por exemplo, existem de 75 a 83 movimentos definidos, já as formas curtas, podem atingir de 19 a 39. Todos os estilos baseiam-se em 13 movimentos, são eles Peng, Lu, Ji, An, Tsai, Lie, Zhou, Kao, Jin, Tui, You, Tzuo e Ting.

A consciência corporal é extremamente desenvolvida ao realizar Tai Chi Chuan, por isso não basta apenas decorar movimentos e expressar graciosidade através das formas. A intenção deve vir da região central do corpo, que vai do umbigo até a parte superior das coxas. Acredita-se que esse é o local onde a maior parte da força humana esteja concentrada.

Assim como outras artes marciais chinesas, o Tai Chi Chuan é pautado em representações de grande valor simbólico. Os principais são os elementos da natureza fogo, terra, metal, água e madeira e a união energética entre Yin e Yang. Eles atuam como figuras de linguagem e tem como intuito ajudar o praticante a desenvolver uma maior conexão com a sua intenção de movimento, aliada a respiração. A expressão dos elementos colabora no entendimento da prática, já que o cérebro humano necessita dessas representações para que perceba significado no que cerca o indivíduo.

A prática desses movimentos suaves, que exigem concentração mental e técnicas de respiração profunda atuam no equilíbrio das forças vitais e colabora na qualidade de vida e no desenvolvimento pessoal em demais áreas. Sendo assim, o Tai Chi Chuan é a única arte marcial que tem como foco a preservação da saúde de quem pratica.

A adaptabilidade presente no Tai Chi Chuan é um dos principais motivos para a grande difusão da técnica ao redor do mundo. Dessa forma, o número de praticantes se tornou imensurável, tendo em vista que pode ser realizado por pessoas de qualquer idade e condição física. É muito comum que idosos pratiquem e se beneficiem dessa atividade. Nessa faixa etária os movimentos do Tai Chi Chuan atuam estimulando a atividade cardiorrespiratória, melhorando a flexibilidade e as capacidades mentais pela concentração.

Um estudo realizado no Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas de São Paulo determinou que a prática tem grande potencial no rejuvenescimento físico e mental, quando adotado como terapia na terceira idade. Segundo a Sociedade Brasileira de Tai Chi Chuan, a Escola de Medicina de Harvard considera essa arte marcial perfeita para todas as fases da vida, prevenindo doenças provenientes do envelhecimento.

As habilidades desenvolvidas através dessa arte são gradativas e vão sendo naturalmente implementadas à medida que o número de práticas aumenta. Apesar de ser algo simples, o nível de intensidade e a frequência são determinantes para que o indivíduo consiga tirar maior proveito da realização. O objetivo do praticante deve sempre aliar-se a escolha do estilo de Tai Chi.

Estudos que avaliaram as capacidades de promoção à saúde através do Tai Chi Chuan observaram que os benefícios são inúmeros e vão desde melhoria da forma física ao alívio dos sintomas da depressão. Do ponto de vista fisiológico há relatos de melhoria no funcionamento do sistema digestivo, equilíbrio da pressão arterial e aumento do vigor. Psicologicamente melhora o raciocínio, capacidade de concentração e memória, além da interação social no Tai Chi em grupo.

Em crianças, a prática colabora no estreitamento das relações com a natureza, cuidado e preservação ambiental a partir do entendimento de que somos parte do meio em que vivemos. Desenvolve perseverança, calma interior, autoconhecimento e senso de ética.

Não existem contraindicações que impeçam a prática, desde que os limites individuais sejam respeitados pelo mestre. Inclusive pessoas com deficiência podem ser beneficiados na prática de Tai Chi Chuan. É desejável que grávidas e pessoas que já sofreram fraturas busquem orientação médica quanto à realização.

De modo geral, a simplicidade dessa arte de meditar em movimento pode colaborar muito na qualidade de vida, proporcionando longevidade, saúde física e mental para todas as pessoas independente de suas limitações.

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Autor

Instituto Ortomolecular

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