É comum que com o aumento das temperaturas a preocupação com infecções alimentares também aumente, mas diferente do que pensamos esse risco não está apenas relacionado à degradação dos alimentos pelo calor. A contaminação também pode ocorrer pela higienização incorreta, pelo consumo de alimentos crus e até mesmo pela contaminação da água utilizada na lavagem.
Geralmente associamos a infecção alimentar a alimentos específicos, que sofrem rapidamente a ação de microrganismos como a maionese, derivados do leite, peixes e frutos do mar, entretanto qualquer alimento que permaneça por mais de 12 horas em temperatura ambiente pode se tornar um contaminante.
Por definição, Infecção e Intoxicação Alimentar são coisas diferentes, apesar de serem muito utilizados com sinônimos. Na Infecção Alimentar, a patologia é causada pela entrada de bactérias, fungos ou vírus por meio da contaminação dos alimentos. Ao ingeri-los, nosso organismo pode levar horas e até mesmo semanas para desenvolver sintomas característicos, o que dificulta a identificação do alimento que causou a doença. Já na Intoxicação Alimentar, as toxinas liberadas por microrganismos presentes no alimento são as responsáveis por desenvolver os sintomas, que geralmente aparecem mais rapidamente, de 30 minutos a três horas, dependendo da quantidade ingerida e do grau de toxicidade da mesma.
O principal fator que leva a Infecções Alimentares é a precariedade do saneamento básico, a higienização incorreta das mãos e dos alimentos. A contaminação da água com fezes humanas ou de animais que possuam a doença pode fazer com que outros indivíduos que bebam a mesma água ou que consumam alimentos higienizados com a mesma desenvolvam a doença. Por esse motivo, a ingestão da água devidamente filtrada, assim como de alimentos corretamente higienizados é essencial para a saúde. A Hepatite A, Cólera, Giardíase e Amebíase são alguns exemplos de Infecção por doenças transmitidas pela ingestão de água ou alimentos contaminados.
No caso das Intoxicações Alimentares, a degradação dos alimentos pela ação de microrganismos já presentes nos mesmos como no caso de peixes, derivados do leite, carnes e ovos forma toxinas que quando ingeridas pelo nosso organismo podem causar febre, dores de cabeça, cólica, irritação intestinal, diarreia, vômitos e até mesmo evoluir para desidratação e quedas de pressão.
Existem algumas recomendações que podem reduzir os riscos de contrair tanto Infecções quanto Intoxicações Alimentares. É essencial realizar a higienização de legumes, frutas e hortaliças com hipoclorito de sódio seguido de enxágue antes de consumir, verificar a procedência da água que for ingerir e manter armazenado sob refrigeração alimentos como carnes, peixes e ovos, que têm maiores chances de contaminação. Além disso, deve-se evitar o consumo de alimentos crus ou consumi-los apenas em estabelecimentos de confiança, realizar a lavagem adequada das mãos antes das refeições e após ir ao banheiro.
Muitas vezes os sintomas de Infecção ou Intoxicação Alimentar podem passar despercebidos e por isso acabamos não dando a devida importância a essa questão, afinal, em organismos saudáveis o sistema imunológico acaba conseguindo dar conta do recado. Entretanto é necessário ter muito cuidado com idosos, crianças, imunodeprimidos e portadores de doenças crônicas, tendo em vista que para essas pessoas o simples contato com agentes patológicos pode desencadear sintomas graves, que necessitem inclusive de intervenção médica.
A recomendação para todos os casos é que ao identificar sintomas de Infecção ou Intoxicação Alimentar o indivíduo comece a realizar a hidratação com água, água de coco ou isotônicos, que irão repor íons essenciais, que acabam sendo perdidos com crises de diarreia consecutivas. Durante a recuperação, não é recomendada a ingestão de alimentos gordurosos, de digestão lenta ou que sejam ricos em cafeína, por estimularem os reflexos gastrocólicos e provocarem ainda mais diarreia. Deve ser realizado um repouso, associado ao consumo de alimentos naturais e nutritivos, que vão contribuir para o restabelecimento da saúde. Caso não haja a estabilização do quadro em cerca de dois dias torna-se necessária à consulta médica. A utilização de medicamentos só deve ser realizada caso haja prescrição.
O mais importante para evitar o acometimento por toxinas ou microrganismos patogênicos que desenvolvam Infecções e Intoxicações é a prevenção, sendo assim, é necessário estar sempre atento às condições de armazenamento dos alimentos, principalmente em restaurantes e lanchonetes. No preparo da lancheira das crianças, por exemplo, é primordial que os pais verifiquem se os alimentos receberão refrigeração na escola. Caso isso não seja possível é necessário dar preferência a frutas com casca e alimentos mais secos, evitando embutidos, queijos, iogurtes e requeijão.
Atentando-se aos perigos que os alimentos podem oferecer e prevenindo a ingestão, principalmente das populações específicas como as citadas anteriormente, é possível reduzir os casos de Infecções e Intoxicações Alimentares e evitar internações por complicações relacionadas.