Vitamina B12: A importância da Cianocobalamina na manutenção da saúde

Descoberta em 1915 por Elmer V. McCollum, a Vitamina B era inicialmente caracterizada por se tratar de uma única substância. Ao longo do tempo notou-se que exerciam diferentes papéis no organismo, apesar de estruturalmente serem parecidas. O complexo B que conhecemos atualmente é formado por 8 vitaminas conhecidas como B1 (Tiamina), B2 (Riboflavina), B3 (Niacina), B5 (Ácido Pantotênico), B6 (Piridoxina), B7 (Biotina), B9 (Ácido Fólico) e B12 (Cianocobalamina).

Suas funções específicas e em conjunto são relacionadas ao metabolismo, principalmente de carboidratos, mas atuam também auxiliando a absorção de outros nutrientes, na hematopoiese e na síntese de DNA.

Uma dessas vitaminas consideradas essenciais à saúde é a Vitamina B12, que apesar de ser produzida em baixa quantidade no nosso organismo, não consegue ser absorvida justamente pela localização dessa síntese, o cólon no intestino grosso. Dessa forma, torna-se necessário ingerir através da alimentação e/ou suplementação a quantidade necessária de Vitamina B12, que dependendo da idade e da circunstância, pode variar de 0,4 a 2,8 mcg/dia.

As principais fontes alimentares de Vitamina B12 são de origem animal, porém isso não significa que ela é produzida por eles. As bactérias presentes na microbiota intestinal dos animais que consumimos são as responsáveis por realizar esse processo, que deposita a vitamina na carne e em outros derivados como leite e ovos, tornando esses alimentos a maior fonte do nutriente. O fígado, a carne, o frango, leite, ovos e queijos são os principais alimentos ricos em Vitamina B12. Existem ainda leites vegetais enriquecidos artificialmente que podem colaborar na ingestão diária. Embora a concentração nesses alimentos seja alta, o calor do preparo, principalmente das carnes, pode reduzi-la drasticamente.

Após o consumo, uma importante enzima responsável por agir contra a degradação da Vitamina B12 no nosso sistema digestivo é ativada, o Fator Intrínseco. Depois da ação do suco gástrico no estômago, o Fator Intrínseco se liga a B12 disponível e a transporta até o local de absorção, o Íleo, porção final do intestino delgado. A partir daí a circulação sanguínea leva a vitamina às nossas células, enquanto boa parte é armazenada como estoque no fígado.

Apesar de diversos fatores tornarem esse metabolismo eficaz, cerca de metade da Vitamina B12 consumida é descartada pelo nosso organismo. Existe uma limitação por refeição, uma quantidade máxima que conseguimos absorver a cada vez que nos alimentamos, sendo assim, as preconizações de consumo levam em consideração que é necessário ingerir o dobro do que de fato necessitamos.

As funções da Vitamina B12 no nosso organismo são variadas e de grande importância. A Cianocobalamina atua desde a produção celular ao sistema nervoso central. Trabalha no metabolismo do carboidrato e também na formação das hemácias. Nesse caso, a Vitamina B12 é a responsável pela maturação, que reflete no tamanho e na funcionalidade dessas células transportadoras de oxigênio. Qualquer alteração na morfologia pode atrapalhar o carregamento e acometer completamente o organismo por hipóxia.

Durante a divisão celular, a Vitamina B12 permite a correta síntese de DNA, evitando má formação de cromossomos e as mutações genéticas responsáveis pelo câncer, além de metabolizar a Homocisteína proveniente da ingestão, que quando em excesso acumula nos vasos sanguíneos em forma de placas de ateroma.

Os níveis de colesterol podem sofrer baixa no consumo regular de Vitamina B12, enquanto o de HDL é aumentado. Alguns estudos observaram ainda a lentificação dos quadros de Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas quando relacionadas à ingestão diária da Cianocobalamina.

Tão importante quanto a suplementação de ácido fólico, o controle dos níveis desse micronutriente em gestantes pode reduzir os riscos de aborto espontâneo e de má formação congênita, principalmente do tubo neural do feto.

Apesar da deficiência de Vitamina B12 ser considerada muito comum e atingir cerca de 2 milhões de pessoas anualmente só no Brasil, a baixa ingestão está longe de ser a causa desse problema (exceto no caso do veganismo). A grande maioria das pessoas desenvolve o quadro por escassez do Fator Intrínseco, que impede a degradação da vitamina durante o processo digestivo. Outras complicações gastrointestinais como a Gastrite Atrófica, úlceras, pancreatite, alterações da microbiota intestinal por uso de medicamentos como os antibióticos e o coquetel no tratamento da Síndrome da Imunodeficiência Humana Adquirida podem ocasionar a má absorção da Vitamina B12. A cirurgia bariátrica ou medicamentos que tenham como efeito colateral a alteração da permeabilidade intestinal ou da acidez estomacal também podem interferir negativamente, entre eles a Metformina, Omeprazol e Ranitidina.

A deficiência de Vitamina B12 pode ou não apresentar sintomas, devido ao estoque que temos no fígado, capaz de suprir por certo período as necessidades diárias. Alguns sinais que podem surgir são a fadiga constante, cansaço, formigamento de membros superiores e inferiores e baixa na imunidade. Bioquimicamente notam-se alguns marcadores como o aumento nos níveis de Homocisteína, aumento do Volume Corpuscular Médio (VCM) no hemograma (tamanho das hemácias) e diminuição dos níveis de B12, apesar do valor de referência ser divergente dependendo do laboratório e necessitar de avaliação clínica juntamente à dosagem.

De acordo com a necessidade individual e com os fatores que estejam ocasionando a deficiência, é possível que a suplementação de Vitamina B12 seja recomendada pelo médico, principalmente durante a gestação. As doses por via oral podem variar de 1,0 a 2,0 mcg por dia. Já em casos extremos a Cianocobalamina pode ser aplicada via intramuscular.

Efeitos colaterais relacionados à superdosagem são raros e quando existentes são brandos. Nesses casos, podem ocorrer reações alérgicas como erupções na pele e coceira, dores de cabeça, enjoo, aceleração dos batimentos cardíacos e da pressão arterial.

De modo geral é um suplemento seguro, que pode ser ingerido por gestantes e lactantes, de acordo com a orientação médica.

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Autor

Instituto Ortomolecular

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