Sabemos que a qualidade do sono reflete grandemente na nossa saúde, afinal além da reposição de energia, existem liberações hormonais muito importantes que ocorrem apenas durante os momentos de descanso. Entretanto, quando o assunto é Apneia do Sono, os prejuízos podem ser maiores que a desregulação hormonal e metabólica, trazendo riscos relacionados ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e cerebrais.
A Apneia do Sono é um distúrbio respiratório relacionado à interrupção da respiração durante o sono que ocorre principalmente pela obstrução das vias respiratórias pelo relaxamento da musculatura, que faz com que as paredes da faringe colabem impedindo a passagem de ar. Além de prejudicar a qualidade do sono do indivíduo em questão, a doença afeta todas as pessoas que vivem no ambiente familiar, tendo em vista que o ronco é um sintoma muito recorrente.
No tipo de Apneia mais comum, Apneia Obstrutiva do Sono, o sobrepeso que aumenta a circunferência do pescoço, a obstrução nasal por desvio de septo, o uso de álcool, cigarro ou medicamentos que causem o relaxamento muscular da zona respiratória e ainda a projeção do queixo para trás que retrai igualmente a base da língua são fatores que favorecem o surgimento da doença. Existem outras causas como alergias específicas e fatores genéticos, porém todas estão relacionadas à obstrução da faringe.
Geralmente, a busca pelo diagnóstico da maioria das pessoas se inicia pelas queixas do parceiro pelo ronco excessivo, que embora seja um sinal notável é apenas um dos sintomas para quem convive com a doença. Exaustão física e mental, acordar com a boca seca, falta de atenção nas tarefas cotidianas, dores de cabeça matinais, irritabilidade e a percepção recorrente de ter tido uma noite “mal dormida” são outros relatos comuns de quem tem Apneia do Sono.
Ao sofrer crises de Apneia durante a noite, a saturação sanguínea ou nível de oxigênio tende a cair. Um mecanismo de defesa do cérebro é despertar o indivíduo para que ao acordar a respiração seja normalizada e a saturação sanguínea normalize. Dependendo do nível, as crises causam um despertar leve que faz com que o indivíduo não se lembre do ocorrido. Já pessoas que passam mais tempo em Apneia podem despertar com uma sensação de afogamento, que resulta em taquicardia e dificuldade de retomar o sono. Mesmo em casos leves, em que a pessoa não se lembra que acordou durante a noite, o sono é interrompido, o que impede o alcance de todas as fases que promovem o descanso eficaz.
A escassez de oxigênio frequente é um dos maiores fatores de risco na Apneia do Sono. A baixa saturação sanguínea pode resultar em Hipertensão, Infarto do Miocárdio e Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC). Em pacientes que já possuem agravantes como hipertensão, diabetes e obesidade os riscos são ainda maiores.
O diagnóstico da Apneia do Sono é realizado mediante um exame específico em Clínicas de Medicina do Sono, a Polissonografia. Nesse procedimento o paciente dorme por uma noite na clínica sendo monitorado através do uso de eletrodos que medem a saturação, pressão, frequência cardíaca, temperatura corporal, entrada e saída de ar, atividade elétrica cerebral e movimentos do tórax e do abdômen.
Por meio da Polissonografia é possível avaliar quantas crises de Apneia ocorrem durante a noite, quanto tempo elas duram e como o organismo reage a essas crises, comparando os parâmetros do paciente a padrões de sono regulares. Os níveis de Apneia do Sono podem ser classificados em leve, moderado e grave. A inclusão do caso do paciente em um dos níveis é o que irá determinar os possíveis meios de tratamento. Todos os fatores individuais precisam ser analisados.
Na Apneia leve, é possível que a perda de peso ou o uso de um aparelho intraoral que promova o avanço da mandíbula sejam o suficiente para regredir o quadro. Em casos moderados, as cirurgias corretivas para eliminar a obstrução são as mais indicadas, juntamente a utilização de medicamentos que aumentem o tônus da musculatura da faringe. Em casos mais graves, a melhor forma de realizar o tratamento é a utilização do CPAP (“Contiunous Positive Airway Pressure” ou Pressão Positiva Contínua das Vias Aéreas), um aparelho compressor silencioso, portátil e de fácil manuseio, que quando acoplado a uma máscara fácil ou nasal exerce uma pressão de ar positiva evitando o bloqueio das vias aéreas. Apesar do uso do CPAP ser uma das maneiras mais simples de tratar a Apneia do Sono muitas pessoas apresentam grande dificuldade de dormir com o aparelho, por esses motivos existe a necessidade de tratamentos individualizados.
Quando tratada corretamente e de forma contínua a Apneia do Sono tem cura. Quanto mais cedo o tratamento se iniciar, maiores são as chances que regredir ou curar a doença, por isso caso haja uma suspeita, de acordo com os sintomas apresentados, é imprescindível que o paciente busque a orientação de um médico otorrinolaringologista que poderá indicar uma Polissonografia para o diagnóstico e o melhor tratamento de acordo com a especificidade de cada caso.